Terror e mortes: é hora de mudar e punir

Neste final de manhã  de domingo chega a Salvador um avião da FAB trazendo homens da Polícia Federal com uma missão específica: cumprir as 12 ordens de prisão contra líderes do movimento grevista que sublevaram grande contingente da Polícia Militar baiana. Os presos deverão ser encaminhados para prisões federais de segurança máxima. Segundo garante o governador Jaques Wagner, não haverá anistia para nenhum deles e, também, para outros que lideraram o terror. Trata-se de uma forma de cortar a cabeça da serpente. Sem estes líderes o movimento tenderá a definhar até chegar à normalidade. É uma medida essencial ao estado democrático de direito, que está ameaçado por movimentos de policiais militares, utilizando armas do poder público. O levante da desordem estabeleceu em Salvador e em cidades interioranas o regime do medo, emasculando a cidadania, além de gerar incalculáveis prejuízos à economia das cidades e do Estado, com saques, invasões e roubos em lojas. E, ainda, propaganda negativa para a maior festa da Bahia, o Carnaval, a essa altura já comprometida. Além dos homicídios e da repercussão internacional do vandalismo, que ocupou espaços consideráveis na mídia brasileira e do exterior, entre os quais o jornal El País, o maior da Espanha, que neste domingo publicou uma deprimente foto de dois jovens negros assassinados e com os corpos estendidos abandonados numa das ruas de Salvador. O Clarín, da Argentina, também abriu espaços na sua primeira página sobre o vandalismo por parte da Polícia Militar e dos criminosos. De resto, as notícias se repetiram em diversos jornais da Europa e dos Estados Unidos. Na entrevista que concedeu, o governador Jaques Wagner acertou ao falar em ameaça ao estado democrático brasileiro, mas errou e assustou quando citou a expressão “banho de sangue” (que não chegou a tanto) para definir os momentos de terror experimentado pelo povo da Bahia. A ele, agora, cabe usar punho de aço no controle da PM, punindo os responsáveis pelos fatos, averiguar como tudo aconteceu e porque não recebeu informações do que se engendrava. Enfim, é hora de esmurrar a mesa, estudar com integrantes responsáveis da corporação as reivindicações apresentadas e estabelecer um ponto final na violência que gerou ampla propaganda negativa do Estado fora daqui. A crise surgiu dentro da corporação, incentivada por lideranças com traços profissionais que não integram o corpo da PM. Os dias de terror e medo servem para, também, decifrar porque o índice de criminalidade na Bahia é ascendente, embora haja esforço para revertê-lo. O problema está no sistema. Ou há uma decisão forte para corrigi-lo ou se entregam os pontos. De resto, o governo deve atuar com decisão e pulso. Juracy Magalhães quando governou a Bahia costumava dizer: “De vez em quando tem que se bater na montaria para a mula saber que o dono está montado em cima.”
 por Samuel Celestino

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