Rui Costa mantém proposta do metrô e Aleluia bate o pé: 'Paralela não tem passageiro'
Fotos: Antonio Queirós/ CMS
A novela do metrô de Salvador já tem nome: "Torre de Babel". Mesmo após 13 anos de construção do primeiro tramo de 6km, o chamado "calça-curta" – motivo de chacota nacional –, a proximidade da Copa do Mundo e o problema crônico no trânsito da cidade, a prefeitura e o governo ainda não falam a mesma língua para colocar o sistema para funcionar. Nesta quinta-feira (21), em audiência pública no Centro de Cultura da Câmara de Vereadores, os secretários da Casa Civil do Estado, Rui Costa (PT), e de Transporte e Urbanismo do Município, José Carlos Aleluia (DEM), não arredaram pé das suas propostas iniciais. O petista voltou a defender o projeto de criação de um sistema metroviário, independente dos ônibus, semelhante ao praticado no Rio de Janeiro, com tarifa entre R$ 3,10 e R$ 3,90, já com minibus gratuito incluso para quem está a um raio de 5km das estações do transporte sobre trilhos. Novidade foi a revelação de que o modelo já tinha sido combinado com o ex-prefeito João Henrique. "Esta proposta havia sido acordada com a gestão anterior. Entendemos que a proposta garante o equilíbrio do sistema. O metrô não interferiria nas outras linhas de ônibus, que operariam como hoje", explicou. Para tanto, além do subsídio do governo "como acontece em todas as cidades do mundo", Costa listou uma série de intervenções já em curso ou por vir, ao custo de R$ 508 milhões, a exemplo de macrodrenagem, contenção de encostas, a duplicação da Avenida Pinto de Aguiar e a criação de um complexo de viadutos na altura do Imbuí, justamente para desafogar a Avenida Paralela. As obras seriam suplementares e preparatórias à implantação do metrô. A proposta não foi considerada boa para Aleluia, que, com o argumento de manutenção da tarifa de ônibus a R$ 2,80, pretende impor a matemática dos sonhos dos empresários de ônibus: ganhar o mesmo valor por passageiro para cobrir uma área de ínfimos 10km, em duas pernas de cinco. No entendimento do governador Jaques Wagner, que, com a demora da licença da prefeitura para a licitação ser publicada, ameaçou investir os recursos em outros projetos, a ação encareceria e "inviabilizaria" o metrô. "O governador tome a decisão que quiser. O subsídio não pode vir dos passageiros", rebateu o democrata. Aleluia negou, pelo menos, que a sua resistência seja motivada pela defesa dos interesses do Setps. "Todo lado tem empresário interessado. Quem vai construir o metrô também são empresas privadas, que querem lucro. A prefeitura não vai criar empecilhos para fazer o metrô", prometeu, embora na sequência tenha apresentado um "estudo técnico da prefeitura" desanimador. Segundo Aleluia, os dados mostram que 30% dos usuários de transporte público tomarão o metrô da Paralela e apenas 10% usarão exclusivamente o modal. "O metrô é um importante auxiliar. Não vai atender à maioria da população porque foi escolhido no lugar onde não tem passageiros [a Paralela]", profetizou. Apesar do desacordo, à imprensa, Rui Costa e Aleluia foram uníssonos ao falar do prazo para o fim do imbróglio: "Esperamos resolver o mais rápido possível". Entre os dois há outras conformidades: o chefe da Casa Civil do Palácio de Ondina é deputado federal licenciado; o titular da equipe do prefeito ACM Neto é ex-parlamentar. Rui Costa e Aleluia são cotados por PT e DEM para a sucessão de Wagner em 2014.
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