Movimentos de luta pela terra ocupam usina da Chesf e sede da Codevasf durante protesto na Bahia
Os
membros de diferentes movimentos de luta pela terra ocuparam na madrugada desta
segunda-feira (29), a Usina Funil, que pertence à Companhia Hidro Elétrica do
São Francisco (Chesf), localizada em Ubaitaba, no sul baiano, e a sede regional
da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba
(Codevasf), em Bom Jesus da Lapa. As ocupações são atividades da jornada anual de
luta em protesto contra o processo de estagnação da reforma agrária no Brasil e
para denunciar o descaso dos poderes públicos baianos e nacionais em relação
aos efeitos da seca.
Estão
envolvidos nas manifestações o Movimento dos Acampados e Assentados e
Quilombolas da Bahia (Ceta), o Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD),
a Pastoral Rural, o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), a Articulação
Estadual de Fundos e Fechos de Pastos, Povos Indígenas e Quilombolas. O
deputado estadual Marcelino Galo (PT), foi convidado pelos manifestantes para
intermediar as negociações entre eles e os governos estadual e federal. O
parlamentar já se encontra na região do Vale do São Francisco com assessores do
mandato na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba).
“Estamos
na sede da Codevasf para participar das negociações com os membros dos
movimentos sociais e de luta pela terra. A intenção é solucionar esse impasse
sem maiores problemas. Vamos acompanhar as ações no interior e avançar na
política de Reforma Agrária, ‘que sofre duros golpes com a edição de portarias
e instruções normativas que sepultam qualquer promessa de distribuição de
terras aos trabalhadores rurais no Brasil’”, pontua Galo. Os protestos dos
movimentos sociais acontecem em quatro regiões da Bahia: Ubaitaba, Bom Jesus da
Lapa, Senhor do Bonfim, Ponto Novo e Cícero Dantas. Lá foram ocupadas também as
BR’s 110 e 116. A primeira liga os municípios de Ribeira do Pombal e Cícero
Dantas, e a segunda as cidades de Tucano e Euclides da Cunha.
A
coordenação do Ceta informa, por meio de manifesto, que as atividades vão
continuar em outras regiões da Bahia e que o assunto da reforma agrária precisa
voltar para a pauta de negociações tanto do governo federal quando do estadual.
“Não aceitamos que a política Nacional de Reforma Agrária seja equiparada às
medidas emergenciais do Programa Brasil sem Miséria. Ela deve ser tratada como
elemento estratégico de um projeto de desenvolvimento econômico e social para o
campo brasileiro. Nosso país não pode pensar seu desenvolvimento apenas pela
ótica do agronegócio. Na Bahia, dos R$ 63 bilhões de investimentos públicos e
privados previstos para ocorrer entre 2013 e 2015, 65% do total estão alocados
nos setores de energia, mineração e papel-celulose”.
De
acordo com a membro da comissão de negociação, Nólia Oliveira, a estiagem na
Bahia já dizimou quase todo o rebanho. “Fora isso, lutamos também contra a desmontagem
da reforma agrária, que recentemente foi equiparada à medida do Programa Brasil
sem Miséria. Contestamos ainda a aposta governamental no desenvolvimento
excludente baseado na exploração mineral, no agronegócio, na monocultura de
eucaliptos, em grandes obras de infraestrutura para exportação de matérias-primas,
estádios de futebol e, por fim, a fragilidade do apoio à produção de alimentos
da agricultura familiar e reforma agrária”, completa.
Ascom do
deputado Marcelino Galo
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