Dilma vê risco de desmanche no ano pré-eleitoral
Partidos da base de sustentação do governo ameaçam desmanchar a aliança
em torno da candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff em
2014. A sinalização ocorre no momento em que a petista quer consultar a
população sobre mudanças no sistema político e amarga queda acentuada de
popularidade após a série de manifestações pelo país. Eleita em 2010
por uma chapa de dez partidos, Dilma conseguiu mais adesões e formou a
maior base de apoio no Congresso desde a Constituinte. Manteve índices
recordes de popularidade, superando até seu antecessor e padrinho
político, Luiz Inácio Lula da Silva. Até que junho chegou. A aliança
para o próximo pleito - essencial por causa da divisão da propaganda
eleitoral de TV - já tinha duas sinalizações claras de baixa antes mesmo
da atual crise: PSB e PSC devem ter candidaturas próprias, com o
governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e com o pastor Everaldo
Pereira, respectivamente. A perda do PSB reduz a presença de Dilma no
Nordeste, onde a legenda tem boa representação. A saída do PSC reduz a
influência de Dilma entre o eleitorado evangélico. Agora, outros
partidos da base podem seguir o mesmo caminho, como é o caso de PP, PSD e
PR. Mas a maior preocupação hoje é com o mal-estar cada vez maior com o
PMDB, justamente o maior parceiro na aliança e que indicou o vice
Michel Temer na chapa vitoriosa de 2010. A apresentação da proposta do
plebiscito sem discussão prévia com a base desestabilizou a relação com o
Congresso. Expôs, principalmente, a dificuldade no relacionamento do
Palácio do Planalto com os presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL), e
da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), ambos do PMDB. Dirigentes do
partido acham que a presidente procurou jogar a responsabilidade da
"crise de representatividade que ecoou das manifestações" no colo do
Congresso. Apesar da base inchada, a relação da presidente com o
Congresso sempre foi complicada. A alta popularidade do governo era a
explicação usada dentro do Senado e da Câmara para a manutenção da
coalizão, apesar das queixas constantes sobre a articulação política, a
ocupação de espaços na administração e a liberação das emendas
parlamentares.
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