Donos de ‘elefantes brancos’ projetam shoppings e comércio para sustentar arenas brasileiras

 
A capacidade máxima de três dos 12 estádios da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, vai corresponder a o número de visitantes necessários para lotar essas arenas em um ano. O dado faz parte de um estudo conduzido pela ONG Play the Game, iniciativa que luta pela ética no esporte, e pelo Idan (Instituto Dinamarquês de Estudos Esportivos), e diz respeito aos três mais prováveis ‘elefantes brancos’ do País: os estádios em Brasília, Cuiabá e Natal. De maneira precária, os governos desses Estados e do Amazonas tentam dar uma resposta.
Sem clubes na elite do futebol brasileiro, as quatro arenas estão fadadas a sofrer com o desuso e o consequente desperdício de recursos públicos. Em Brasília, o Mané Garrincha custou mais de R$ 1 bilhão e foi palco da Copa das Confederações. Uma das obras mais caras, ele ainda não tem o seu futuro definido. Em uma licitação ainda pouco clara, o governo do Distrito Federal planeja que a produção de energia solar, o uso comercial, os jogos de clubes de fora e os shows esparsos que a capital federal recebe, sejam capazes de cobrir o investimento.
— Estádio nenhum no mundo se mantém apenas com público de futebol. Teremos uma arena de uso diverso. Uma parte é o espetáculo, o futebol, o show. E a outra parte é a comercial. Teremos lojas de departamento, restaurantes, bares, cinema, teatro. É a primeira obra no mundo com essa concepção – disse o secretário especial para a Copa em Brasília, Claudio Monteiro, ao site DW-Brasil.
A projeção parece otimista, levando em conta que a capacidade total da arena é de 70.064 lugares. O discurso oficial contrasta com a pouca transparência de Brasília e das demais cidades envolvidas com a Copa de 2014. Em um estudo conduzido pela ONG Jogos Limpos, o qual avaliou a “transparência da gestão pública, com foco no acesso à informação e na participação social nos processos decisórios”, a capital federal foi uma das piores, com um índice de 14,29 pontos.
Nessa análise de transparência, Cuiabá é a pior das 12 sedes brasileiras (10,17). A Arena Pantanal é também uma das mais atrasadas, e se o ritmo das obras seguir a média dos 38 meses da construção, iniciada em 2010, o estádio só ficará pronto em 2015. Como em Brasília, os moldes da licitação não estão claros até hoje, tampouco quando ela sairá. O governo local planeja ações curiosas para devolver os mais de R$ 500 milhões investidos, como transformar camarotes em salas de aula para universidades, ou ainda em quartos de hotel. Difícil também é estimar que outro evento depois da Copa poderá levar mais de 43 mil pessoas à arena.
O recente uso do Mané Garrincha para receber o jogo do Brasileirão entre Flamengo e Coritiba, no último fim de semana, e o poder aquisitivo em Brasília pode tornar o quadro menos caótico para o estádio da capital federal. Mas outras duas arenas acompanham o quadro surreal visto até aqui em Cuiabá.

Fonte R7 Esportes

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