Estado laico não é ateu ou agnóstico, diz jurista
A Associação dos Advogados de São Paulo realizou na última
terça-feira (21) um seminário sobre a liberdade religiosa que contou com
a participação do jurista Ives Gandra Martins.
Em sua palestra, Gandra falou sobre o Estado laico, lembrando a todos que o termo não significa que o Estado é ateu ou agnóstico.
Em sua palestra, Gandra falou sobre o Estado laico, lembrando a todos que o termo não significa que o Estado é ateu ou agnóstico.
Na explicação, o
jurista afirmou que a laicidade quer dizer que o Estado está
desvinculado de qualquer incidência direta das instituições religiosas
de qualquer credo. Gandra lembrou, porém, que a Constituição foi
promulgada sobre a proteção de Deus. “A Igreja Católica, os evangélicos
ou judeus não estiveram lá [na Assembleia Constituinte] como
instituições. Foram os cidadãos, de acordo com suas convicções, eleitas
pelo povo, que definiram contra o voto daqueles que não acreditavam em
Deus”, afirmou o jurista.
Ives Gandra Martins foi apresentado pelo
diretor cultural da Aasp, Luís Carlos Moro, como o “papa do universo
jurídico”, tamanho a sua experiência e relevância no meio. Em sua
palestra ele fez alguns questionamentos sobre a liberdade de expressão e
seus contrastes. “Quando se diz que, em um Estado laico, quem tem
religião não tem voz — porque vai levar suas convicções —, a pergunta
que se faz é: e aqueles que têm convicções diferentes, quando levam suas
convicções, com que direito levam, em um país em que a liberdade de
expressão é absoluta?”
Em um país democrático o que acontece em
relação à convivência entre as crenças é que as pessoas podem racionar
de formas diferentes, o que não acontece, como lembra Gandra, em teorias
como o marxismo, comunismo, nazismo, fascismo e nas ditaduras
islâmicas.
“A democracia é a convivência das convicções de cada,
fazendo com que prevaleça o pensamento das pessoas que terminam sendo a
maioria e sempre, evidentemente, com o respeito das minorias, desde que
não sejam conflitantes”, afirmou o jurista.
Ele
também é contra os pedidos de retirar símbolos religiosos de
repartições públicas. “Todos que têm preconceitos contra símbolos
religiosos, de qualquer religião, são, a meu ver, [pessoas]
complexadas.”
Na visão do jurista se a presença de símbolos
religiosos em prédios públicos for um problema será necessário mudar o
nome dos estados de São Paulo, Santa Catarina, Espírito Santo e ainda
destruir o Cristo Redentor, o maior cartão postal do Brasil.
Igrejas e o assistencialismo
Depois
que explicou sobre a democracia e a diferença entre o Estado laico e
ateu/agnóstico, Ives Gandra Martins destacou a importância do trabalho
assistência exercido pelas igrejas, em especial pela Igreja Católica.
Usando
dados do Vaticano ele lembrou que em todo o mundo a Igreja toma conta
165 associações nacionais de caridade, 5 mil hospitais, 17,5 mil
ambulatórios além de educar 12 milhões de crianças na África.
“Com uma carga tributária de 37%, nós temos serviços públicos de péssima qualidade. Essas instituições religiosas fazem o que os governos deveriam fazer com nossos recursos e não fazem”, disse.
“Com uma carga tributária de 37%, nós temos serviços públicos de péssima qualidade. Essas instituições religiosas fazem o que os governos deveriam fazer com nossos recursos e não fazem”, disse.
Gandra
criticou a falta de espaço na imprensa para falar sobre esses trabalhos
que as igrejas realizam. “É interessante notar que todo esse trabalho
que se faz não aparece nos jornais.”Com informações de Conjur.
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