Escola pública no DF atua para prevenir depressão e automutilação
![]() |
marcelloj |
Logo após a experiência inicial, as rodas foram ampliadas. Começaram a participar alunos que precisavam de alguma ajuda, como estudantes com bulimia. Ingressaram também estudantes que queriam participar dessa inciativa pelos mais diversos motivos, como a então tímida Rebeca Barbosa, que queria dançar. Ela tinha apenas 8 anos quando começou a frequentar o grupo.
A escola pública fica em um local onde há registros de tráfico de drogas e violência e onde isso impacta o cotidiano dos alunos e das famílias. “Eu tento mostrar que eles podem mudar a realidade deles e que somente eles podem fazer isso”, diz a orientadora educacional da escola.
![]() | |
Centro Educacional Gesner Teixeira é reconhecida por prevenir depressão e automutilação entre jovens - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil |
Esse tipo de cuidado e atenção melhorou também o desempenho dos estudantes. “O foco da escola é aprendizagem. O projeto mexeu com a aprendizagem. Incluiu alunos que antes eram invisibilizados”, disse o assessor técnico de inovação e projetos da Coordenação Regional de Ensino do Gama, Cleison Leite.
Até o ano passado, ele trabalhava na escola e fez parte da construção do projeto político-pedagógico. “Aspectos emocionais estavam interferindo também nas relações. Alguns conflitos que existiam na escola passaram a ser mediados. As rodas de terapia, colocaram em foco problemas de relacionamento. Além da automutilação, as rodas ajudaram nas questões interpessoais”, afirmou.
Abandono familiar
Raquel explica que casos de automutilação podem, em última consequência, levar ao suicídio e que a depressão precisa de atenção. Algumas das estudantes foram encaminhadas à rede de saúde, quando se percebia que era necessário um acompanhamento psiquiátrico.
“Todos os casos estavam ligados à depressão. Pelo que eu constatei, a automutilação era consequência da depressão e esse quadro era gerado por abandono familiar, por casos de abuso sexual”, disse.
No último dia 27, a escola abriu as portas para profissionais da saúde, para educadores e para quem quisesse conhecer a experiência. A analista técnica de políticas sociais do Ministério da Saúde, Marina Rios, estava presente. “A gente veio conhecer, acompanhar, conhecer a iniciativa para poder replicar em outros contextos”, disse a analista, que integra o Comitê Nacional de Prevenção ao Suicídio.
Casos de depressão
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas que vivem com depressão aumentou 18% entre 2005 e 2015. No Brasil, a depressão atinge 11,5 milhões de pessoas, o equivalente a 5,8% da população. Distúrbios relacionados à ansiedade afetam mais de 18,6 milhões de brasileiros, ou seja, 9,3% da população.
A depressão pode levar a um grande sofrimento e disfunção no trabalho, na escola ou no meio familiar e pode levar ao suicídio. Segundo a OMS, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano em todo o mundo. Trata-se da segunda principal causa de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos.
Gestores, professores, estudantes, terapeutas e demais interessados visitaram hoje a Escola Gesner Teixeira, no Setor DVO do Gama. O estabelecimento foi premiado por oferecer Práticas Integrativas em Saúde como estratégia institucional para
“Os jovens estão todos na escola. Às vezes, a gente tem dificuldade de chegar a eles pelo serviço de saúde. A escola tem acesso a todos os casos e pode, inclusive notificar o sistema de saúde, quando necessário. Pode notificar casos de violência e de tentativa de suicídio”, disse Marina Rios.
Sarah é prova da importância da escola. “Na época, ninguém falava disso. A depressão era uma coisa que ninguém levava a sério. A escola foi o lugar que mais me abriu fronteiras. Ninguém imagina esse como um papel da escola, mas foi maravilhoso”, disse.
Hoje, com 17 anos e já com o ensino médio concluído, ela ainda participa do projeto, ajudando a divulgar a iniciativa e a mostrar aos estudantes que outras pessoas passam pelo que estão enfrentando. A estudante conta que não se sente mais só como chegou a se sentir.
Por Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil Brasília
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Visualizações de página do mês passado
Siga-nos
Ouça aqui: Web Radio Gospel Ipiaú
Web Rádio Gospel de Ipiaú
Faça seu pedido: (73) 98108-8375
Publicidade
Publicidade

Publicidade
Publicidade

Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente esta matéria.