CHICO DO JORNAL : O ARAUTO DE IPIAÚ


Antônio Francisco Menezes, ou simplesmente “Chico do Jornal”, mantêm o mérito de ter sido o principal e mais famoso jornaleiro de Ipiaú.

Sorriso largo, andar apressado, gingado de velho marinheiro, embora nunca tenha navegado no mar ,no rio e nem n'outro lugar, ele é prato pra todo papo: política, esportes, religião, segurança pública, diversão e arte.Um jornal em forma de gente.

Tinha apenas 15 anos quando abraçou a profissão que lhe rendeu alguns trocados, muitos amigos e a condição de personalidade folclórica da cidade.

Nunca teve carteira assinada e muito menos gozou férias, mas nada disso lhe fez esmorecer.

Percorria as ruas, antecipava aos leitores as notícias impressas nos periódicos, manifestava sua opinião e não poupava criticas aos que bem as mereciam.

Um ex-prefeito a quem sempre fez oposição sistemática
foi um dos seus alvos prediletos.

Quando o assunto é futebol, Chico não esconde sua paixão pelo Vasco da Gama, embora tenha que admitir que o time carioca anda mesmo “caindo das pernas".

Chico lembra que foi o saudoso comerciante Pedro Cardoso, da Livraria Brasil, quem lhe arranjou o primeiro emprego:

“No mês de dezembro de 1976, comecei distribuindo o jornal A Tarde e não parei mais".

"Ficou entregando A Tarde durante 29 anos, mas também vendeu o Jornal do Brasil, a Folha de São Paulo, o Estadão, Tribuna da Bahia e outros periódicos.

Houve tempo em que Chico saía com 150 jornais e vendia tudo em poucas horas.

O volumoso fardo era equilibrado na cabeça enquanto ele acelerava os passos. O suor corria no rosto, encharcava o corpo, e a energia se redobrava.Percorria diariamente cerca de 20 km, por toda a cidade.

As notícias da morte de Clériston Andrade, em 1982, do Plano Cruzado, com a tabela dos preços, em 1986, e da instalação da Assembleia Constituinte, em 1988, ganharam, em Ipiaú, mais repercussão na voz de Chico do que nas paginas da grande imprensa.

A mais badalada de todas , entretanto, foi a a noticia da chacina no Complexo Policial de Ipiaú, quando os taxistas invadiram o prédio e executaram cinco assaltantes.

O advento da internet impôs novos hábitos ao público leitor que aos poucos vem abdicando do jornal impresso, e fez com que Chico buscasse alternativas de sobrevivência.

Ingressou em outra profissão.No governo de Deraldino Araújo prestou serviços para o município como vigilante noturno do Posto de Saúde Elvidio Santos.Atualmente está desempregado.

A mudança dos tempos, com todo o avanço tecnológico, não mudou o seu jeito de ser.Chico continua o mesmo: ligeiro, conversador, trabalhador, devoto de São Roque e amante da sua cidade.

“Pra mim, Ipiaú é a melhor terra do mundo”, declara, com muita convicção
Por: José Américo Castro.

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