Março amarelo: Paciente com endometriose comemora gravidez

Conscientização sobre a doença inclui informações sobre as modalidades de tratamento 

Depois de um tratamento intensivo do seu quadro de endometriose profunda, Gilmara Souza Cunha conseguiu realizar o sonho da gravidez.  À espera de Giovana, a quem ela se refere carinhosamente como Gigi, a paciente sofria com cólicas “horrorosas e dolorosas” e um fluxo menstrual muito forte todos os meses. Quando recebeu o diagnóstico, ficou arrasada. Ao iniciar o tratamento, chegou a passar por um procedimento cirúrgico “mal sucedido”, mas posteriormente, acompanhada pela equipe multidisciplinar do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR), ela renovou suas forças para seguir acreditando que poderia viver melhor e, ainda, ser mãe. 

“Antes e depois da segunda cirurgia que, felizmente, deu certo, passei a ser acompanhada de perto não só por meu ginecologista, mas também por um proctologista, um urologista, uma fisioterapeuta pélvica e outros profissionais realmente empenhados na melhoria da minha qualidade de vida. Juntos, eles me fizeram acreditar que ‘enquanto há vida, há esperança’. Finalmente, minha filha foi gerada e hoje a espero com muita alegria e expectativas”, declarou Gilmara Cunha. Assim como a mãe de “Gigi”, cerca de 10 a 15% das mulheres em idade fértil (15 a 49 anos) apresentam a endometriose, uma doença crônica inflamatória que se manifesta quando fragmentos de tecido do interior do útero (endometrial) não são expelidos pela menstruação e acabam migrando para outras regiões do corpo pela corrente sanguínea, tais como bexiga, trompas, ovários, intestino, apêndice, pulmão e até mesmo o cérebro, entre outros.

De acordo com o ginecologista e diretor de ginecologia do IBCR, Marcos Travessa, da mesma forma que o endométrio que está na cavidade uterina cresce como resposta aos hormônios femininos, o endométrio ectópico (localizado fora do seu local habitual) também aumenta de tamanho. “Quando está no útero da mulher que não engravidou, o endométrio se descama e sai em forma de menstruação, voltando ao seu estado normal, porém, quando esse tecido se aloja em outras partes do corpo ele não tem como sair e acaba ‘sangrando para dentro da cavidade abdominal’, gerando um quadro de dor acentuada”, explicou o médico.

Implicações - As implicações da doença são variadas e preocupantes. Uma delas é o fato da endometriose ser a principal causa de infertilidade nas mulheres. A cirurgia, independentemente da modalidade, costuma ser o melhor caminho para a paciente que quer ter filhos e não consegue por causa da endometriose. Estatísticas regionais revelam que 60% das mulheres inférteis na Bahia são portadoras da doença, principal causa de infertilidade feminina no mundo todo.  

Além disso, a endometriose apresenta repercussões sociais graves. “Muitas mulheres ficam acamadas e sentem dores intensas no período menstrual. Outras tantas precisam recorrentemente ir a unidades de emergência para serem medicadas. A doença pode dificultar muito ou impedir que a mulher tenha uma vida sexual ativa, devido à dor durante a relação. Enfim, trata-se de uma doença que precisa ser muito bem tratada”, afirmou Marcos Travessa.

Vale destacar que, em algumas mulheres, a endometriose não apresenta sintomas específicos, o que pode retardar o diagnóstico. Em outros casos, porém, a paciente pode ser acometida por dores incapacitantes. Não há cura para a endometriose, mas se a mulher se submeter ao tratamento adequado, os incômodos e consequências podem ser diminuídos drasticamente, evitando, inclusive, que a paciente tenha sua capacidade fértil comprometida.

Cirurgia robótica - “No final do ano passado, operamos no Hospital São Rafael, por cirurgia robótica, uma paciente com endometriose profunda que sofria não só por sua infertilidade e obstrução do fluxo urinário, mas também pelo risco iminente de perder um rim. Eu e outros especialistas do IBCR das áreas de urologia e coloproctologia removemos com o auxílio do robô todos os focos de endometriose, da paciente que tinha o intestino e o ureter acometidos pela doença”, destacou o cirurgião ginecológico Marcos Travessa.

Segundo o médico, enquanto nos Estados Unidos, a maioria das cirurgias para tratamento da endometriose já seja feita na modalidade robótica há alguns anos, na Bahia isso só foi possível com a chegada da plataforma robótica, há exatamente um ano, quando o primeiro robô chegou ao Hospital Santa Izabel (pouco tempo depois, a tecnologia também foi adquirida pelo Hospital São Rafael). Esta modalidade cirúrgica ganha espaço dia após dia no Brasil, tornando intervenções cirúrgicas complexas cada vez mais fáceis, já que ela permite ao médico uma visão em três dimensões (3D) ampliada em 10 vezes; é marcada por movimentos mais precisos e traz menos morbidade para as pacientes que, em geral, recebem alta hospitalar no dia seguinte ao procedimento. 

Além de menos riscos de complicações, a cirurgia robótica, uma evolução da videolaparoscopia, caracteriza-se por menores taxas de sangramento e dor no pós-operatório e pela recuperação mais rápida. “Enquanto na cirurgia laparoscópica o cirurgião precisa segurar as pinças, na cirurgia robótica ele comanda os instrumentos remotamente, sentado, sem tremor. Além disso, somente as pinças robóticas têm rotação semelhante a um punho, o que  facilita, por exemplo, suturas muito delicadas”, detalhou o diretor de Urologia do IBCR, Leonardo Calazans.


Assessoria de Comunicação:

Cinthya Brandão - (71) 99964-5552

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