Empresário ligado à gestão Witzel é preso em operação sobre desvios no governo Cabral
Foto: Fábio Motta/Estadão/As investigações remontam ao governo de Sérgio Cabral no Rio de Janeiro |
O empresário Mário Peixoto, ligado ao secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro, Lucas Tristão, braço-direito do governador Wilson Witzel (PSC), foi preso na manhã desta quinta-feira (14) na Operação Favorito, deflagrada em conjunto pelas polícias Civil e Federal.
A detenção na Operação Favorito ocorreu no âmbito das investigações da Operação Lava Jato sobre atos durante a gestão do ex-governador Sérgio Cabral. É atribuída a Peixoto a nomeação de cargos-chave no Detran, Cedae, Inea (Instituto Estadual do Ambiente), Loterj, entre outros órgãos da atual administração estadual. A empresa de sua família, a Atrio Rio, já firmou R$ 81 milhões em contratos com a gestão Witzel, boa parte sem licitação. Ela atua na terceirização de mão-de-obra para o estado.
Além do empresário, também é alvo da ação o ex-presidente da Assembleia Legislativa fluminense Paulo Melo (MDB), e outros três pessoas cujos nomes não foram divulgados.
De acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro, a operação investiga uma organização criminosa que desviou R$ 3,95 milhões em recursos públicos da área da Saúde, por meio de uma organização social para administração de UPAs (Unidade de Pronto Atendimento).
Esta é a primeira fase da Lava Jato deflagrada desde o início da pandemia do novo coronavírus. Peixoto foi alvo de delação premiada do ex-presidente do TCE (Tribunal de Contas do Estado) Jonas Lopes. Ele afirmou que o empresário era um dos responsáveis por pagar uma mesada de R$ 200 mil aos conselheiros da corte em 2012 e 2013.
Ele passou a ser um personagem do mundo político quando teve fotos e vídeo de seu casamento divulgadas pelo ex-governador Anthony Garotinho. A cerimônia num castelo na Itália reuniu políticos do MDB atualmente acusados de corrupção.
É também sócio num empreendimento imobiliário do ex-presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani (MDB), que chegou a ser preso sob acusação de corrupção -está em prisão domiciliar. Mesmo sendo alvo de investigações, Peixoto conseguiu se aproximar de Witzel durante a campanha eleitoral de 2018, quando o ex-juiz era ainda um azarão.
No período eleitoral, a Atrio Rio -atualmente comandada por pessoas ligadas ao empresário- contratou Lucas Tristão, à época coordenador da campanha do governador, como advogado num processo contra o estado. Witzel afirmava durante a campanha que era sócio de Tristão, embora a relação nunca tenha sido formalizada à OAB-ES, responsável pelo registro de escritórios de advocacia. O governador disse à Folha, inclusive, que analisou a petição assinada por seu então coordenador de campanha em favor da Atrio Rio.
“Ele me apresentou a petição para que eu analisasse e verificasse se era uma petição adequada ao direito que se pleiteava. Entendi que estava adequada e que haveria possibilidade de sucesso”, disse o governador.
A sociedade de Tristão, ex-aluno do governador, foi uma das justificativas apresentadas por Witzel para explicar como depositou R$ 215 mil de recursos próprios na campanha mesmo tendo declarado à Justiça Eleitoral não ter conta bancária -seu patrimônio era apenas uma casa de R$ 400 mil não vendida.
Ele afirmou que o dinheiro veio de luvas pelo ingresso em dois escritórios de advocacia, sendo um deles o de seu atual secretário.
Por: Politica Livre
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