Vacina da Moderna tem eficácia de 94,1% e é segura, confirma artigo em revista científica
Foto: Andre Melo Andrade/Immagini/Folhapress |
A vacina da farmacêutica Moderna é segura e tem 94,1% de eficácia na proteção de casos sintomáticos de Covid-19.
Os resultados, que já haviam sido anunciados preliminarmente no dia 16 de novembro, foram confirmados em um artigo publicado na revista científica The New England Journal of Medicine (NEJM), na última quarta-feira (30).
A empresa norte-americana desenvolve um imunizante em parceria com o instituto de saúde pública dos Estados Unidos composta por trechos do material genético do Sars-CoV-2 —o RNA do vírus.
O ensaio duplo-cego, randomizado e com grupo controle de fase 3 da vacina contou com a participação de 30.420 voluntários maiores de 18 anos distribuídos em 99 centros de estudo no país, dos quais metade recebeu a vacina e metade uma injeção contendo uma solução salina (placebo).
A vacina, batizada de mRNA-1273, utiliza em sua composição o RNA do vírus para induzir uma resposta imune no organismo. O material genético responsável por codificar a proteína S do Spike (utilizado pelo vírus para entrar nas células humanas) envolto em uma cápsula de proteína e gordura é injetado no organismo, e o esquema de vacinação conta com duas doses distribuídas em um intervalo de 28 dias.
O principal objetivo do estudo era avaliar se a vacina garantia proteção para casos sintomáticos de Covid-19. Na análise primária dos dados, foram contabilizados 196 casos de Covid-19 entre os mais de 30.000 participantes, sendo 185 no grupo que recebeu o placebo e 11 no grupo que recebeu o imunizante.
Dentre os casos de Covid reportados, 30 foram severos, com a ocorrência de uma morte. Todos os casos graves da doença ocorreram no grupo placebo, confirmando eficácia de 100% da vacina em prevenir mortes e hospitalização.
Além disso, a eficácia da vacina foi consistente em todas as faixas etárias, etnias e de gêneros estudados.
O estudo da Moderna se destaca também pela diversidade de grupos avaliados. Do total de participantes, 79,2% eram brancos, 20,5% eram hispânicos ou latinos e 10,2% eram negros ou afro-americanos.
A importância de ter uma representatividade elevada nos ensaios clínicos para medicamentos e vacinas é principalmente por se aproximar mais da realidade e poder fornecer dados de como a vacina irá se comportar quando for aplicada em toda a população.
Nos sete dias seguintes à injeção, os pesquisadores avaliavam efeitos colaterais da vacina. Segundo o estudo, a incidência de efeitos adversos sérios foi baixa, sendo o efeito mais comum dor no local da injeção (86%). A incidência de efeitos colaterais foi maior, em média, após a segunda dose da vacina.
Todos os participantes foram acompanhados por um mínimo de dois meses para avaliar efeitos colaterais que podem surgir 28 dias após a segunda dose.
Juntamente à vacina da Pfizer, a vacina da Moderna atingiu um patamar elevado de eficácia, acima de 90% (95% e 94,1%, respectivamente). Além das duas, a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford (Reino Unido) com a AstraZeneca já teve os dados publicados na revista científica The Lancet, apontando eficácia de 70%.
Outras vacinas com eficácia já reportada, porém sem publicação oficial dos dados, são a Sputnik V, do Instituto Gamaleya junto com o Fundo Russo de Investimento Direto, cuja eficácia declarada foi de 92%, a da estatal chinesa Sinopharm, que anunciou na última quarta-feira (30) eficácia de 79,4% do seu imunizante, sem apresentar dados, e a Coronavac, desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac, cuja eficácia de 91,25% foi divulgada pelo governo da Turquia, onde o imunizante é testado.
No Brasil, o governo de São Paulo adiou pela terceira vez a divulgação dos dados de eficácia, alegando a revisão dos dados junto aos outros países onde ele é testado, mas a informação divulgada pelo próprio governo é de uma eficácia superior a 50% e inferior a 90%.
Folha de S. Paulo
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