Criação do DEM Diversidade por ACM Neto gera crise e conservadores ameaçam deixar o partido
Foto: Dida Sampaio/Estadão |
Em mais um capítulo de conflito no DEM, a criação de um núcleo para tratar de pautas identitárias chamado DEM Diversidade, anunciada por ACM Neto em abril, gerou insatisfação nas alas mais conservadoras do partido em relação ao presidente da sigla.
O deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), que deverá ser líder da bancada evangélica em 2022, tem ameaçado deixar a sigla caso o DEM Diversidade não seja desfeito, levando consigo outros parlamentares evangélicos, que ele calcula serem nove.
“É um partido que sempre foi direita. Arena, PDS, PFL e então DEM”, afirma.
Sóstenes diz que ACM Neto não poderia ter criado o grupo sem consultar a executiva do partido. Ele afirma que está estudando recorrer ao TSE para pedir sua expulsão do DEM.
“Conseguindo, abro a porteira para outros que queiram tomar o mesmo caminho.”
O deputado avalia que ACM Neto pretende disputar o governo da Bahia em 2022 e criou o núcleo para se descolar da imagem de Jair Bolsonaro (impopular no estado) após ter liberado a bancada do DEM na eleição do Congresso, favorecendo o candidato presidencial Arthur Lira (PP-AL).
“Entendo que é uma pauta da extrema esquerda. Não é uma pauta para um partido que se propõe ser democrata cristão. Isso não cabe na linha do partido”, diz José Carlos Aleluia, cacique do partido.
Ele diz que a iniciativa lhe causou desconforto e que pode ensejar processos de desfiliação.
ACM Neto diz que respondeu a um pleito da Juventude do DEM para criação de um grupo para tratar de temas como racismo, homofobia, preconceito religioso, entre outros.
Ele afirma que o propósito do DEM Diversidade é discutir reparações históricas necessárias e que a iniciativa tem sido alvo de leituras reducionistas.
“O objetivo é tornar o partido mais amplo, inclusivo, cada vez mais aberto às mudanças da sociedade e antenado às provocações da juventude”, completa.
Sobre o que Cavalcante apontou como estratégia eleitoral, ele responde que não precisa disso.
“Sabem que eu sou altamente progressista nesse aspecto. Tive políticas na prefeitura de reparação, inclusão, afirmação. Não adianta fechar os olhos e dizer que não existe preconceito.”
No sábado (8), na primeira entrevista desde que trocou de partido, Eduardo Paes afirmou que deixou o DEM por causa de Rodrigo Maia (RJ), que brigou com ACM Neto durante as eleições da Câmara.
Neste domingo (9), o ACM Neto disse ao Painel que o DEM vem sofrendo um ataque especulativo dos que estão com inveja do partido.
Painel/Folhapress
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente esta matéria.