Bolsonaro volta a atacar o STF, fala em medidas que lembram a ditadura, mas pede diálogo
Foto: Isac Nóbrega/PR/Arquivo |
“Não se pode abrir um processo contra o presidente da República sem ouvir o Ministério Público, isso é ditatura”, afirmou Bolsonaro em Cuiabá (MT), onde desembarcou pela manhã para participar da entrega de equipamentos agrícolas para comunidades indígenas.
Após os novos ataques à corte, Bolsonaro pediu abertura ao diálogo para quem quiser conversar, citando nominalmente os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, além do corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Luis Felipe Salomão.
“Vamos chegar num acordo. Toda vez que há um problema, mexe no dólar, mexe no preço do combustível, tem inflação, tem dor de cabeça para o povo todo, em especial o mais pobre e humilde, é pedir muito o diálogo? Da minha parte nunca vou fechar as portas para ninguém.”
O STF (Supremo Tribunal Federal) analisa atualmente cinco inquéritos que miram o presidente Jair Bolsonaro, seus filhos ou apoiadores na área criminal. Já no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tramitam outras duas apurações que envolvem o chefe do Executivo.
Apesar de a maioria estar em curso há mais de um ano, essas investigações foram impulsionadas nos últimos dias após a escalada nos ataques golpistas do chefe do Executivo a ministros das duas cortes e a uma série de acusações sem provas de fraude nas eleições.
Na apuração mais recente, determinada na semana passada pelo ministro do Supremo Alexandre de Moraes, o mandatário será investigado por suposto vazamento de informações sigilosas de inquérito da Polícia Federal instaurado em 2018 para averiguar invasão hacker a sistemas eletrônicos da Justiça Eleitoral. A apuração foi proposta pelo TSE.
Na sequência de atos das últimas semanas, Moraes determinou a retomada da apuração sobre a suposta interferência do presidente no comando da PF, um inquérito que estava parado havia quase um ano. O ministro é o relator da maioria dos casos em tramitação no Supremo.
No evento desta quinta-feira em Cuiabá, o presidente também criticou a decisão do TSE, que, a pedido da Polícia Federal, bloqueou o repasse de valores pelas plataformas via monetização para canais de apoiadores bolsonaristas investigados.
“Daqui a pouco os TREs [Tribunais Regionais Eleitorais] vão fazer a mesma coisa. O TRE, que é mais ligado com governadores, vai perseguir aqueles que apoiam ou têm uma visão diferente da candidatura daquele governador”, disse o presidente.
Katna Baran e Pablo Rodrigo
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