CPI da Pandemia ouve reverendo Amilton Gomes de Paula

Senadores questionam rapidez com que reverendo foi recebido pelo MS

Negando ter contatos no Ministério da Saúde, o reverendo Amilton Gomes de Paula disse que enviou e-mail à Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, para marcar reunião no dia 22 de fevereiro, às 16h30, com vistas à “apresentação e possível negociação da vacina AstraZeneca”.

O reverendo afirmou que foi recebido na data pelo então diretor de Imunização e Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde do ministério Lauricio Monteiro Cruz.

Os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) questionaram a facilidade e a rapidez com que Amilton de Paula foi recebido, diante do fato de não ter contatos no ministério.

— O senhor mandou o e-mail às 12h, apontou o horário a ser recebido [16h30] e houve a reunião. Queria essa eficiência do serviço público para a Pfizer — afirmou o senador Randolfe.

12h11
Primeiro encontro do reverendo com Dominguetti ocorreu em fevereiro

Ao iniciar sua fala, o reverendo Amilton Gomes de Paula disse que a proposta para aquisição de 400 milhões de doses da Astrazeneca com a Davati ocorreu em 16 de fevereiro, por meio do representante da empresa, Dominguetti Pereira. De acordo com ele, as primeiras reuniões com o Ministério da Saúde foram realizadas a partir do dia 22 de fevereiro de 2021, com a participação de diretores da ONG Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah) responsáveis por conduzir Dominguetti ao ministério. O reverendo é fundador e presidente da Senah.
Foto: Divulgação/Agência Senado
             Reverendo Amilton diz que Senah não negocia vacinas, mas fala em 'conversações'

Questionado pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre a atuação da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah) na negociação de vacinas, o reverendo Amilton disse desconhecer essa "narrativa". Afirmou que o trabalho da Senah é humanitário, mas abriu "conversações" devido ao preço de US$ 3,50 informado por Luiz Paulo Dominguetti. O religioso reforçou que "nunca havia negociado vacinas" e que apenas "apresentou as informações" ao Ministério da Saúde.

Foto: Agência Senado

Senadores indignam-se contra investigações de parlamentares


O senador Otto Alencar (PSD-BA) sugeriu que seja feito ofício ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, sobre investigações que os parlamentares vêm sofrendo, citando o caso relatado anteriormente pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE).

No início da reunião, Rogério relatou que foi informado por um amigo que um coronel do Exército, da reserva, e um oficial da ativa foram ao seu estado para “bisbilhotar” sua vida, para saber o que é que podia haver para ser usado contra ele.

— Há necessidade de um pronunciamento do senador Rodrigo Pacheco, porque não podemos participar de uma CPI e o governo federal colocar essa inquisição naqueles que têm posição contrária ao presidente da República — afirmou Otto.

Eduardo Braga (MDB-AM) também sugeriu que a CPI aprove um ofício ao presidente da República sobre os fatos relatados pelo senador Rogério.
CPI quebra sigilo de líder do Governo na Câmara

A CPI aprovou 130 dos 135 requerimentos que estavam na pauta. Os senadores decidiram quebrar os sigilos telefônico, fiscal, bancário e telemático do líder do Governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR). O nome dele teria sido envolvido pelo presidente Jair Bolsonaro em um suposto esquema de corrupção na compra da vacina Covaxin. A denúncia foi apresentada pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF), que também teve os sigilos quebrados.
Começa depoimento do reverendo Amilton

Após deliberação sobre requerimentos, senadores começam a ouvir o reverendo Amilton Gomes de Paula, apontado por representantes da Davati Medical Supply como um "intermediador" entre empresas que ofertavam vacinas e o governo federal. Ele chegou a ser convocado para depor antes do recesso parlamentar, mas apresentou um atestado médico, e o depoimento foi então adiado. O reverendo comparece munido por um habeas corpus.
Alessandro Vieira retira requerimento para convocação Braga Netto

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) pediu a retirada de um requerimento dele que pedia a convocação do ministro da Defesa, Walter Braga Netto. Segundo o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, Netto teria convocado e conduzido encontro, no ano passado, em que foi discutida a edição de um decreto presidencial para mudar a bula da cloroquina. Alessandro anunciou que vai apresentar um novo requerimento de convocação de Braga Netto.

O objetivo, segundo o parlamentar, é deixar claro no pedido que o então ministro da Casa Civil coordenava as ações de vários ministérios que deveriam atuar no enfrentamento da pandemia. “Se esse cidadão não precisa ser ouvido numa CPI que investiga ações e omissões do governo federal, tenho dúvida de quem precisa”, disse Alessandro Vieira.
Omar agradece gravura de Gurulino à CPI

O presidente Omar Aziz (PSD-AM) agradeceu ao artista de Brasília Gurulino, que em gravura enviada à CPI escreveu: “Na dúvida eu faço soprar canela, bater na madeira, pular ondinhas e esperança na CPI”.

— É isso o que povo brasileiro tem: esperança na CPI — destacou o senador.
Convocação do ministro da Defesa, Braga Netto

Após encaminhamento do relator, Renan Calheiros (MDB-AL), a CPI vai votar em separado o requerimento para convocação do ministro da Defesa, general Braga Netto.
Líder do governo pede encerramento da CPI em setembro

Líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) defendeu a elaboração de um plano de trabalho com previsão de encerramento da CPI até o fim de setembro. Segundo Bezerra, as linhas de investigação já estão bem delineadas e caberá à Polícia Federal e ao Ministério Público aprofundar as investigações. Prorrogada, a CPI pode funcionar até a primeira semana de novembro.

Fonte: Agência Senado

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