Ação da Petrobras despenca 6,5% com medo de ingerência na estatal, e Bolsa cai 2,09%
Foto: Daniel Marenco/Folhapress/Arquivo |
As ações das Petrobras amargaram perda de 6,5% nesta sexta-feira, 29, um prejuízo de R$ 23,86 bilhões em valor de mercado apenas hoje, diante do temor de novas ingerências do governo na estatal, principalmente após o presidente Jair Bolsonaro defender que a empresa precisa focar mais nas questões sociais. O recuo da petroleira teve forte impacto na Bolsa brasileira (B3), que cedeu 2,09%, aos 103.500,71 pontos. No câmbio, o dólar subiu 0,37%, a R$ 5,6461.
Diante do desempenho de hoje, a Bolsa fechou outubro com queda de 6,74%, emendando seu quarto mês consecutivo em baixa. Na semana, cedeu 2,63%.
Nem mesmo o resultado forte da petroleira ontem, com lucro de R$ 31,14 bilhões no terceiro trimestre, revertendo prejuízo do ano anterior, ajudou a aliviar o impacto da fala, também na quinta-feira, de Jair Bolsonaro, de que a empresa não deveria lucrar tanto e contribuir mais para o social, em referência ao preço do combustível.
“Acreditamos que os investidores não devem ignorar os riscos políticos, visto que a política de preços dos combustíveis da companhia continua sendo o calcanhar de Aquiles da tese de investimento”, avalia o analista Gabriel Barra, do Citi.
Hoje, as ações ordinárias da estatal tiveram baixa de 6,49%, enquanto as preferenciais cederam 5,90%. O resultado veio descolado do desempenho do petróleo no exterior, com o WTI para dezembro em alta de 0,92%, a US$ 83,57 o barril em Nova York, enquanto o Brent para o mesmo mês virou o sinal no final da sessão e avançou 0,07%, a US$ 83,72 em Londres.
Hoje, o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, tentou amenizar os temores, ao dizer que a empresa obedece a leis e não poderia segurar os preços dos combustíveis. Além disso, disse que as maiores contribuições à sociedade feitas pela estatal são via pagamento de tributos e dividendos.
O cenário fiscal também ficou no radar hoje. O Ministério da Economia estimou que em R$ 91,6 bilhões o espaço fiscal aberto para 2022 por meio da PEC dos precatórios. Em 2021, o limite de gastos seria ampliado em R$ 15 bilhões. A PEC, contudo, tem potencial de elevar o gasto e piorar o déficit primário neste e no próximo ano.
Em sua primeira entrevista, o novo secretário de Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago, garantiu que o teto de gastos e as medidas fiscais estão mantidos. “O importante é preservar a direção e olhar aquilo que a sociedade demanda”, disse.
No noticiário corporativo, destaque para a CCR, que arrematou a concessão da via Dutra por R$ 1,7 bilhão e desconto máximo sobre a tarifa básica de pedágio.
Estadão Conteúdo
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