A possibilidade do “Luneto” na Bahia e o que Jaques Wagner pode ter a ver com isso

Foto:  Foto: Brasil 247
As especulações em torno de uma eventual aproximação entre ACM Neto (DEM) e o presidenciável Lula (PT) fizeram políticos ligados ao ex-prefeito de Salvador retomarem a ideia do ‘Luneto’, fenômeno pelo qual eleitores marcariam na Bahia o nome do democrata para o governo estadual e do petista para a Presidência da República nas urnas. Algo semelhante ao Lulécio, de 2006, com o eleitor apostando em Aécio Neves (PSDB) para o governo e Lula para presidente em Minas Gerais, palco também do Dilmásia, que elegeu Dilma Rousseff (PT) ao Palácio do Planalto e Antonio Anastasia (PSDB) ao governo mineiro. As referências ao fenômeno surgem na esteira das pesquisas no Estado.

Elas apontam para um interesse de a maioria do eleitor baiano votar em Neto para o governo e Lula para presidente, motivo para que o secretário-geral do União Brasil não queira, no Estado, fechar composição oficial com nenhum dos candidatos à sucessão do presidente Jair Bolsonaro (PL) – a ordem de Neto, como se sabe, é palanque aberto! Para a ideia dar certo, no entanto, Lula teria que cruzar os braços em relação ao PT baiano, isto é, em relação à campanha do amigo e senador Jaques Wagner, a quem, devido ao grau de intimidade, apelidou de “Galego”. A fim de afirmar que não se trata de nenhum absurdo, os netistas lembram de um episódio ocorrido na Bahia em 2004.

Naquele ano, o candidato do PT a prefeito de Salvador, Nelson Pelegrino, foi ‘cristianizado’ (abandonado) pelo então presidente Lula, que trocou o apoio por ele na capital baiana por uma relação de colaboração com o ex-governador ACM no Senado, cujo candidato à sucessão de Antonio Imbassahy era o então ex-governador César Borges. Em plena campanha, Pelegrino teve que assistir calado ao noticiário, inclusive da Globo, mostrar Lula e ACM saírem abraçados de um jantar na casa do ex-ministro José Dirceu, responsável pela costura do acordo entre os dois, no que foi interpretado como uma devastadora demonstração de que o PT nacional não acreditava na viabilidade de seu nome.

A partir dali, Lula se negaria até a gravar uma mensagem para o programa de TV do petista, que continuaria tocando uma campanha desacreditada, mais perdido do que cego em tiroteio. O resultado é que ele, numa situação desmoralizadora, e Borges perderiam para o azarão João Henrique, cuja história todo mundo conhece. É claro que não há parâmetro para que se comparem as figuras de Pelegrino e Wagner, o que é o mesmo que atestar que jamais Lula abandonaria o senador e amigo à própria sorte numa campanha. Mas e se, por acaso, Wagner chegar à conclusão, junto com o ex-presidente, de que nada é mais importante para ambos do que derrotar Bolsonaro?
Política Livre 

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