‘As conversas estão se estreitando muito, inclusive candidatos têm conversado até com Geddel’, diz Lúcio Vieira Lima
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Sem citar nomes ou ao menos pistas para qual lado o seu partido deve seguir, ele conta que “as conversas estão se estreitando muito”.
“Não é segredo. Ou seja, as conversas estão amiudando e se aprofundando. Eu creio que após essas festas não demore muito, apesar de que o que nós temos muito é uma mudança muito no cenário nacional, por mais que queiram dizer que a campanha não vai ser nacionalizada, é nacionalizada, sim”.
Lúcio nega que o MDB aguarda movimentação do PP para decidir o seu futuro político. “Seria verdade se estivéssemos visando apenas cargos. Não é o caso”, emenda.
“Não temos nenhuma e nada acoplado a decisão desse ou daquele partido. A nossa decisão depende exclusivamente do MDB e observando o cenário para ver que rumo seguir”, garante.
O ex-parlamentar baiano, que não tem mais pretensões em disputar um cargo eletivo, esquiva ao ser questionado se o nome do ex-ministro Sergio Moro (Podemos) – que tem buscado se aproximar do ex-presidente Michel Temer (MDB) – o agradaria para concorrer o Planalto.
“Aí não é questão de agradar ou não. Tem que agradar a população, os eleitores. Agora eu fico muito feliz quando eu vejo essa procura por Michel ou quando vejo aqui na Bahia nos procurar”.
Sobre política nacional, ele não faz ponderações negativas quanto a união do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin: “Isso faz parte do que eu disse, tem que esperar muito para exaurir os debates. Porque hoje a gente não está sabendo muito como as coisas estão”.
“As coisas estão mudando muito. O que é certo vira errado rapidamente e o que é errado vira certo, então tem que esperar isso começar e ganhar um pouco mais de tempo até para que se case e saiba qual o desejo da população, para se ter uma ideia”, acrescenta.
Política Livre: O senhor tem dito que o MDB vai apoiar quem vai ganhar a eleição. Como prever esse resultado?
Lúcio Vieira Lima: Não. Não é quem vai ganhar a eleição. Logicamente que ninguém quer perder a eleição, mas colocado dessa forma parece que eu estou esperando só apoiar quem vai vencer. Eu costumo dizer sempre que eleição muitas vezes você perde ganhando, como ganha perdendo. O que não quero é perder ganhando, porque quem perde é a Bahia. Então eu tenho que ter consciência de apoiar aquele que for melhor, volto a dizer, nós estamos apresentando ideias para serem incorporadas ao programa de governo daquele que nós viermos a apoiar, e nós estamos vendo e examinando quem é que pode ter uma proposta melhor para a Bahia para, baseado nisso, definirmos o nosso apoio. De preferência, na hora que eu for apoiar, eu acho que esse vai ganhar, porque vai ter o nosso apoio. Quando alguém diz que o MDB está com ‘fulano’, já cresce muito a candidatura dele. Então facilita para ganhar, vou apoiar para ganhar.
O partido definiu um prazo para tomar essa decisão?
As conversas estão se estreitando muito, inclusive candidatos têm conversado até com Geddel. Não é segredo. Ou seja, as conversas estão amiudando e se aprofundando. Eu creio que após essas festas não demore muito, apesar de que o que nós temos muito é uma mudança muito no cenário nacional, por mais que queiram dizer que a campanha não vai ser nacionalizada, é nacionalizada, sim. O MDB, por exemplo, lançou uma candidata, então nós temos que respeitar a vontade do partido. Temos que apoiar a senadora Simone Tebet. Então vai surgindo outras variáveis para serem administradas.
Deputado, é verdade que o MDB aguarda a movimentação do PP para decidir o seu futuro político?
Não. De forma nenhuma. O nosso futuro político não é vinculado a isso. Seria verdade se estivéssemos visando apenas cargos. Não é o caso. Não temos nenhuma e nada acoplado a decisão desse ou daquele partido. A nossa decisão depende exclusivamente do MDB e observando o cenário para ver que rumo seguir.
Acredita que o PP vai marchar com Rui e Wagner ou acredite que pode romper?
Falar de outro partido é muito difícil. Porque cada um tem as suas realidades internas, essas particularidades, etc. Aí seria simplesmente no “achômetro”. Se você perguntar sobre o sentimento, eu acho que vai permanecer com Wagner.
O fato de Jaques Wagner não liderar as pesquisas ao governo do Estado deixa o MDB receoso em compor o grupo liderado pelo senador em 2022?
De forma nenhuma. Eu venho dizendo que a nossa decisão vai ser baseada no que for melhor e em quem tiver a melhor proposta. Em quem mostrar condição e capacidade de não só ganhar a eleição, mas administrar a Bahia depois. Inclusive na formação da equipe. Aquele que o MDB vai ter espaço para contribuir com a formulação das políticas públicas e a execução das mesmas, e não simplesmente apoiar por apoiar. O MDB hoje com a situação política que se encontra no estado da Bahia, o MDB já coloca como uma dos facilitadores a ocupar um lugar na chapa. Quer seja de qualquer candidato nós vamos colocar na mesa o pleito. Nós temos nomes para isso e vamos colocar esses nomes na hora de decidir e na hora de discutir.
O ex-secretário Fábio Vilas-Boas contou que o seu ingresso ao MDB é uma via para levar apoio da sigla a Rui e Wagner. Reitera essa fala?
Olhe, da mesma forma que Geraldinho tem dito que ele é uma via para levar o MDB para o lado de ACM Neto. Claro que eu reitero. Não é condição. A moeda de troca não é essa. Até porque seria diminuir muito o partido a filiação, apesar de ser um quadro qualificado e que tem uma eleição garantida, de um apoio à uma chapa majoritária que vai governar a Bahia por quatro anos, portanto decidir os destinos da educação e da saúde dos nossos filhos diretos, por uma candidatura a deputado. Então da mesma forma que Geraldinho é uma via para a gente ir para Neto, da mesma forma que Fábio é uma via para a gente ir para Wagner, da mesma forma que [Coronel Humberto] Sturaro, quando conversa comigo, é uma via – e luta – para a gente ir para João Roma. Isso é natural. Não vejo nada de estranho e de excepcional na frase de se colocar como uma via.
Recentemente, o ex-ministro Sérgio Moro se reuniu com o ex-presidente Michel Temer em busca da criação de pontes para 2022. O nome de Moro agradaria ao senhor na disputa ao Planalto?
Primeiro que não tenho a confirmação de que houve essa reunião. O que sei que houve foram emissários de Moro, nem o próprio Moro, tentando ver se Michel o receberia. E todo mundo sabe que Michel sempre é aquele que conversa com todos em nome do pacto nacional e da união para tirar o Brasil da crise. Aí não é questão de agradar ou não. Tem que agradar a população, os eleitores. Agora eu fico muito feliz quando eu vejo essa procura por Michel ou quando vejo aqui na Bahia nos procurar, procurar Valdemar, procurar o Roberto Jefferson, do PTB, e outros tantos, o Ciro Gomes… o Ciro Gomes teve um problema também, ou seja, mostra que tem muito mais política do que problemas eventuais. Essa do Ciro Gomes é típica. O Ciro Gomes se aflorava sempre a dizer quem é sujo e quem é limpo, agora a ponto de escolher o publicitário dele, o João Santana, que foi o publicitário do presidente Lula, que teve problemas na justiça como muitos tiveram, e não é demérito nenhum ao publicitário João Santana que é competente. Mas no sentido ao pré-candidato Ciro Gomes, por essas contradições que termina com os candidatos caindo nas pesquisas perante a opinião pública. É por isso que tem que ter muito cuidado quando se fala de alguém, porque o que observo aí é que o ruim de ontem é o bom de hoje. E o bom de hoje pode ser o ruim de amanhã. E é o que mais se observa na política e eu fico muito feliz. Por exemplo, o episódio da eleição passada de deputado, quando diziam que não queriam coligar com o MDB, hoje o que vemos é todo mundo querendo coligar com o MDB. Então quem é que mudou? Não mudou o MDB, não mudaram os candidatos, não mudou nada. É a política como ela é.
Como o senhor avalia a união entre o ex-presidente Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin?
Veja bem, o que volto a dizer, uma coisa que no passado era inaceitável e inacreditável, devido ao ataque e a violência que existia entre os dois partidos que foram muito tempo no Brasil os dois polos de poder, o PSDB e o PT. Mas veja por exemplo que até o pré-candidato ACM Neto disse que vê isso como um distensionamento da política, que vê isso como uma busca de solução dos problemas do país. E que, inclusive, não descarta Alckmin ir para o União Brasil para ser o vice de Lula. Entendeu? Então isso faz parte do que eu disse, tem que esperar muito para exaurir os debates. Porque hoje a gente não está sabendo muito como as coisas estão. As coisas estão mudando muito. O que é certo vira errado rapidamente e o que é errado vira certo, então tem que esperar isso começar e ganhar um pouco mais de tempo até para que se case e saiba qual o desejo da população, para se ter uma ideia.
O senhor acha que a candidatura de Simone Tebet vai vingar?
Olhe, toda candidatura a gente só sabe se vinga quando tem a campanha. Ninguém dizia que a candidatura de Bolsonaro iria vingar. Ninguém dizia que a candidatura de Wagner lá atrás iria vingar quando ele foi governador pela primeira vez.
Mas a senadora irá de fato sair a candidata ou ficar pelo caminho?
Ela só vai saber se vai vingar se ela ver que está reunindo condições, agregando apoios e etc. Você vê que a tal terceira via não conseguiu se colocar. Uma hora é Ciro e Ciro cai. Agora é Moro que todo mundo está querendo conversar, mas de concreto hoje se tem Bolsonaro e Lula. Entendeu? O resto, por enquanto, as outras candidaturas é conversa para boi dormir. Qualquer uma. Elas vão ter que se destacar. Pelo preparo da Simone Tebet, pela história dela, por ser uma mulher guerreira, pelo desempenho dela na CPI [da Covid], eu acho que ela é um nome que pode, sim, crescer e se encorpar. Agora ninguém pode dizer que ela irá para o segundo turno e que vai ganhar a eleição. Todas essas candidaturas fora do eixo Bolsonaro e Lula está todo mundo esperando crescer naquele eleitorado que diz que não vota nem em um nem em outro. Só que ela enfrenta o problema que todos esses candidatos enfrentam, como o Doria, o Ciro e o Moro, que é a falta de união, porque Bolsonaro e Lula por si só já têm a grandiosidade e o percentual que os colocam no segundo turno, para que tivesse opção de outro nome teria que unir todos e convencer o eleitorado que essa é a união para se opor à polarização Bolsonaro e Lula.
Mateus Soares
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