Bolsonaro diz que vai alterar lei para governo decidir sobre passaporte da vacina1 | 19:15
Foto: Pedro Ladeira/Folhapress/Arquivo |
O presidente acompanhou neste domingo a final do campeonato de futebol de veteranos de um clube de Brasília. Comentou-se que seu sogro deveria jogar a partida. A imprensa foi impedida de entrar no local. Bolsonaro criticou a implementação do passaporte vacinal e as consequências para quem não quiser se imunizar. Citou ele próprio como exemplo, que não se vacinou, e desafiou quem quiser demiti-lo por esse motivo.
“Hoje querem impor algo que alguns não querem. Por exemplo: eu não tomei vacina. Alguém vai me demitir por causa disso? Ah, eu sou um péssimo exemplo. Olha, isso chama-se liberdade”, disse. O presidente também repetiu a alegação de que as pessoas que foram infectadas estão mais imunes ao novo coronavírus do que as que se vacinaram. E também disse ser contra a imunização de crianças e adolescentes, argumentando que ainda não há comprovação científica.
Bolsonaro também levantou dúvidas sobre a eficácia das vacinas e disse que ninguém sabe a validade das vacinas nos organismos e que isso “abre brecha para lobby”. O presidente também afirmou que vai vetar qualquer tipo de iniciativa que torne obrigatória a apresentação do chamado passaporte vacinal.
O governo Bolsonaro, por sua vez, vem adotando diversas medidas para buscar proteger as pessoas que não quiserem se vacinar. Portaria do Ministério do Trabalho publicada em novembro buscou impedir a demissão ou mesmo a não contratação de trabalhadores que não tiverem o passaporte vacinal. A medida foi parcialmente revertida pelo Supremo Tribunal Federal.
A Secretaria Especial de Cultura também publicou portaria que impôs veto à exigência do passaporte vacinal em eventos culturais que sejam financiados através da Lei Rouanet. “Não há a menor dúvida que eu veto [se algum órgão determinar o passaporte vacinal]. Quer melhor vacina, comprovada cientificamente, do que a própria contaminação? Quem foi contaminado é dezenas de vezes mais imune do que quem tomou a vacina apenas”, disse o presidente.
Bolsonaro então afirmou que vai modificar a legislação atual sobre as medidas de enfrentamento da pandemia, para que apenas o governo federal possa determinar regras sobre obrigatoriedade de vacinas e a exigência do passaporte vacinal. “Tem uns itens [na lei] que falam das medidas a serem adotadas por qualquer agente sanitário, Estado e município. Quero trazer para agente federal”, disse em entrevista ao portal Poder360. “A ideia é que parte do nosso governo [as diretrizes]”, completou.
Bolsonaro se referia à legislação de 2020 que dispõe sobre as medidas de enfrentamento à pandemia, que foi alvo de disputa entre Bolsonaro e os demais entes federados. Decisão do Supremo estabeleceu a competência concorrente entre União, estados e municípios. “Naquela lei de 2020, estou querendo alterá-la. Foi de fevereiro de 2020. Não se falava em vacina ainda. Era uma lei muito voltada para a pandemia, outras, então era uma novidade. E ela diz lá que a obrigatoriedade da vacina tem que ter comprovação científica. E não tem. Tem muita incógnita sobre a vacina ainda, muita coisa que ninguém sabe”, afirmou.
“Por mim, a vacina é opcional. Eu poderia, como eu posso hoje em dia, partir para uma vacinação obrigatória, mas jamais faria isso porque, apesar de vocês não acreditarem, eu defendo a verdade e a democracia. Agora, não pode dar para prefeitos e governadores essa liberdade. Sei que a maioria não está adotando isso, mas tem alguns que já estão ameaçando, ameaçando demissão”, completou o presidente.
O passaporte vacinal pode ser o primeiro ponto de divergência entre Bolsonaro e seu novo partido, o PL. O líder do partido no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), nesta semana, defendeu em plenário a medida.
Renato Machado / Folhapress/
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente esta matéria.