Mendonça, do STF, é exaltado em culto por ‘não se envergonhar do Evangelho’
Foto: Julia Chaib/Folhapress |
“Reafirmo meu compromisso de sempre buscar com humildade, serenidade, firmeza e espírito público, a correta interpretação e aplicação da constituição e das normas vigentes no país”, completou. O ministro indicado por Bolsonaro chamou a sua chegada ao Supremo, como evangélico, como inclusão social. “Embora, de fato, o critério de evangélico não seja um critério constitucional, ao mesmo tempo, é uma inclusão social. Interprete dessa forma”, disse ao agradecer Ricardo Lewandowski, único colega da corte presente. A fala sobre não se envergonhar do Evangelho foi do ex-colega de Esplanada, ministro da Educação, Milton Ribeiro. “Temos um homem [no STF] que se identifica e não se envergonha do Evangelho”, disse.
“Eu não me envergonho do Evangelho. É o poder de Deus, a salvação. Temos um homem que se identifica e não se envergonha do Evangelho”, disse Ribeiro, que também é pastor. “Que o Senhor o cubra de bênçãos com sua proteção. Cubra para que possa no seu julgamento fazer justiça ao povo e, naquele colegiado, tenha uma visão diferente a respeito da vida, dos valores, do princípio e da sociedade”, disse. O presidente Jair Bolsonaro (PL) também compareceu à cerimônia em homenagem ao seu segundo indicado ao Supremo. Ele esteve acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro —entusiasta da indicação de Mendonça. Em sua fala, o chefe do Executivo ressaltou a proximidade com seu indicado ao Supremo, por quem disse ter uma “tremenda gratidão”, e com quem pode tomar tubaína.
“Foi bom ele passar por lá [pelo governo] porque eu conheci, trocamos informações sentimentos, chegamos a quase chorar juntos. Muitas vezes reclamarmos, não entendemos por que outras pessoas não agem no mesmo norte que o nosso”, disse. Ele defendeu ainda sua indicação de um “terrivelmente evangélico”. “O evangélico não é uma condição para ser ministro, mas por que não buscar no meio evangélico alguém para colocar dentro do STF? Como temos uma centena de evangélicos no Legislativo. Os senhores são aproximadamente 40% da população brasileira, porque não se fazer representados em todos os setores da sociedade?”.
Após a chegada de Bolsonaro, o bispo Manoel Ferreira exaltou a presença das autoridades.
“Nenhum dia deixamos de orar por vocês, ministros. No início do culto dissemos: ‘Senhor abençoa o presidente, os ministros do STF, do STJ, abençoa o governador, o prefeito’.” “E não gostamos que falem mal de política perto de nós. A Bíblia não diz para falarmos mal, diz para falarmos bem”, afirmou o bispo. Empossado no STF nesta quinta, Mendonça enfrentou quase cinco meses de espera para ser sabatinado no Senado. Houve resistência do presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Davi Alcolumbre (DEM-AP). Com o apoio —e a pressão— de lideranças evangélicas, Mendonça conseguiu destravar a análise do seu nome pelos senadores. Foi aprovado por 47 votos a favor, 32 contra. Eram necessários 41.
O culto contou com a presença de autoridades dos três Poderes —a maioria acompanhada de mulher e marido. Todos foram anunciados ao microfone, aplaudidos e saudados com os dizeres: “Seja bem-vindo em Cristo”. Do Supremo, esteve o ministro Ricardo Lewandowski, acompanhado de sua mulher, Yeda. No altar, estavam ao lado da primeira-dama. Em um breve discurso, Lewandowski relatou que recebeu o seu colega de corte na quarta-feira (15) e disse a ele que não tem nenhum problema em ele ser religioso, que se trata de uma virtude. “Não é nenhum defeito ser religioso, pelo contrário é uma virtude. É porque quem é religioso cultiva valores, princípios e saberá, como ministro, cultivar os valores e os princípios da Constituição Federal, que tem como pilar fundamental o princípio da dignidade da pessoa humana”, disse Lewandowski.
“Depois de mais de 15 anos de STF e mais de 30 anos de magistratura eu estava convencido que, além desses atributos, requisitos constitucionais, que era necessário para que alguém se desincumba corretamente deste encargo importantíssimo de ser ministro do STF, que é preciso, antes de mais nada, que a pessoa tenha caráter. Eu estou convencido que André Mendonça tem caráter e prestará relevantes serviços para o nosso Brasil”, afirmou. Além deles, estavam no palco cerca de quinze ministros de Estado, como Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Damares Alves (Mulher, Familia e Direitos Humanos), Bruno Bianco (AGU), entre outros.
Do TCU (Tribunal de Contas da União), compareceu o ministro Augusto Nardes. O presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), ministro Humberto Martins, que chegou a ser cotado para a vaga de Mendonça, também foi. Martins, em seu discurso, disse que Mendonça tem virtudes e qualidades. “[Tem] Fé, amor e esperança. Fé porque acredita em Deus. Deus é tudo. Deus é a vitória. Ele tem essas três virtudes, crê em Deus, na verdade é é um homem que tem amor no coração. Sendo servo de Deus será um homem que saberá honrar o Supremo Tribunal Federal”, disse Martins.
“A justiça de Deus é maior que a justiça dos homens”, completou o presidente do STJ.
O bispo Samuel Ferreira iniciou o culto falando sobre a comemoração da primeira-dama ao saber da aprovação de Mendonça. Ele lamentou que ela tenha sido zombada por falar em língua estranha, o que, de acordo com a crença evangélica, é a manifestação do Espírito Santo. “O Espírito Santo trabalha no meio das autoridades também”, afirmou Ferreira. “Recebam nosso ministro terrivelmente evangélico”, disse o bispo após a entrada das autoridades.
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