Presidente de conselho de Saúde da Bahia relata dificuldade com remédios para câncer e anemia

Foto: Isac Nóbrega/Arquivo/PR
Em reunião do Conselho Nacional de Saúde nesta terça-feira (28) para tratar da tragédia na Bahia, o representante estadual do órgão, Marcos Sampaio, disse que a população local “precisa de muita ajuda, até para saber o que fazer.” “É preciso construir um movimento muito grande de solidariedade e de consciência política. O que estamos vivendo aqui não é só a questão da chuva. Estamos com surto de gripe”, disse o presidente do Conselho Estadual de Saúde da Bahia no encontro.

“Já existe problema de logística para a distribuição de medicamentos para o câncer e anemia, por exemplo. Esses medicamentos já estavam tendo dificuldades para distribuição e hoje temos outros medicamentos em falta como medicamento contra a pressão alta”, detalhou Sampaio. “Nem mais as farmácias em alguns locais têm remédio contra a gripe para vender. Há unidades de saúde que nem internet têm para ver o que sobrou de medicamentos no sistema. Cerca de 100 municípios da Bahia precisam de ajuda imediata”, acrescentou.

Em nota, o Conselho Nacional de Saúde, órgão vinculado ao Ministério da Saúde e que tem como função fiscalizar as ações da pasta, destacou a “ausência ou a ineficiência do governo federal em cumprir suas obrigações quanto à promoção da qualidade de vida e da saúde das pessoas, à prevenção de riscos e à redução das vulnerabilidades.” Nesta terça (28), o presidente Jair Bolsonaro (PL) ignorou a tragédia, passeou de jet ski e disse que esperava não ter que voltar do feriado de Réveillon, que ele passa em Santa Catarina.

No texto, o CNS também afirma que “as tragédias que aconteceram tiveram origem em falhas de atenção e cuidado da população e, especialmente, de diferentes governos e gestores em relação a diferentes fatores, entre eles, ambientais, sociais e de gestão de políticas públicas, inclusive a política de saúde”. Entre os fatores listados pelo conselho estão a falta de saneamento básico e de urbanização, as moradias precárias, a ocupação de encostas, de margens de rios e de outras áreas de risco.

Até a tarde desta terça-feira (28), a Bahia contabilizava 34.163 desabrigados e 42.929 desalojados, de acordo com dados enviados pelas prefeituras e tabulados pela Sudec (Superintendência de Proteção e Defesa Civil). O número de municípios em situação de emergência já chega a 136. Segundo o governo, 471.786 pessoas já foram afetadas pelo desastre natural. O óbito mais recente ocorreu na noite de segunda-feira (27), quando um rapaz, de 19 anos, tentou atrevessar uma enxurrada em Ilhéus. 

Desde o ínicio das chuvas foram registradas mortes em: Amargosa (2), Itaberaba (2), Itamaraju (4), Jucuruçu (3), Macarani (1), Prado (2), Ruy Barbosa (1), Itapetinga (1), Ilhéus (2), Aurelino Leal (1) e Itabuna (2).

Painel/Folhapress

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