‘Ela fazia tudo por nós, eu era a princesa dela’, disse filha de mulher torturada e morta por marido
Francielle foi mantida em cárcere privado por mais de 1 mês
Foto: Reprodução/Faccebook |
“Ela fazia tudo por nós, eu era a princesa dela”, disse Érika Guimarães, filha de Francielle Guimarães, de 36 anos, torturada e assassinada pelo marido Adailton Freixeira da Silva, que está foragido após tentar simular suicídio para a morte da esposa, com quem convivia há 17 anos.
Muito abalada ainda com a morte da mãe, Érika foi de poucas palavras e lembrou como Francielle era carinhosa, uma mãe preocupada com os filhos, e que seria capaz de fazer qualquer coisa para protegê-los, “Ela dizia sempre que eu era a joia dela”, relatou Érika.
Érika ainda disse que a mãe vivia sorrindo, e que era muito boa com todos. Familiares contaram ainda ao Jornal Midiamax que Adailton era muito violento e agressivo, e que sempre gritava com Francielle e com os filhos.
Familiares ainda contaram ao Jornal Midiamax que Francielle queria se separar, mas Adailton não aceitava e mantinha a mulher em casa, sem acesso a celular, sem contato com a família e amigos. A filha de Francielle era proibida de entrar na casa para visitar a mãe.
Segundo informações passadas por familiares de Francielle, ela era agredida há pelo menos 15 anos pelo marido e como tinha muito medo de Adailton nunca registrou um boletim de ocorrência contra o homem, que vivia fazendo ameaças a ela e aos filhos.
Denúncia de vizinhos
No dia 16 de dezembro de 2021, vizinhos ligaram por duas vezes para a polícia relatando que Francielle estava sendo agredida pelo marido. Na primeira ida dos militares à residência, ele disse que não estava ocorrendo nada. Mas, momentos depois um novo chamado fez com que os policiais voltassem ao local.
Desta vez, familiares da vítima estavam em frente à residência dizendo que Francielle estava apanhando de Adailton Freixeira da Silva, de 46 anos. Mas, mais uma vez ela relatou que o chamado deveria ser para outra casa. Não foi visto nenhum sinal de violência aparente no corpo da mulher, e os policiais conversaram com a família e com a vítima, que nesse dia resolveu ir para a casa de sua mãe.
Dias depois, Francielle foi colocada em cárcere privado pelo marido que passou a fazer sessões de tortura com a esposa, que teve os dentes quebrados, cabelos cortados rente ao couro cabeludo, além de ser queimada e ficar sem pele nenhuma nas nádegas. No corpo de Francielle, o médico legista encontrou equimoses no abdômen e na região do tórax.
A morte
Ela foi encontrada morta em casa e a princípio o caso foi tratado como morte natural. No entanto, no laudo da funerária, o delegado percebeu lesões. O corpo foi encaminhado para verificação do óbito e o médico então retornou, alegando que as lesões não eram compatíveis com morte natural.
Assim, o corpo de Francielle foi encaminhado ao Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal), onde foi confirmada a morte violenta. Francielle foi vítima de estrangulamento, asfixiada com um cordão em volta do pescoço. No corpo, várias outras lesões, dente quebrado, unhas quebradas, ferimentos na cabeça, o cabelo totalmente cortado, evidenciavam a tortura que ela sofreu por pelo menos um mês.
Na casa, foi feita perícia e objetos usados nas agressões apreendidos, bem como o objeto que teria sido usado no estrangulamento.
Ainda conforme o delegado, familiares procuraram a delegacia e relataram que Francielle era mantida em cárcere pelo marido. Ela teria confessado a ele um relacionamento extraconjugal, quando as torturas começaram. A mulher era proibida de sair de casa, mantida em cárcere privado, sem poder se comunicar com os familiares ou qualquer outra pessoa.
Imagens de câmeras de segurança flagraram o autor saindo da residência, momentos após o feminicídio. Ele está foragido e o caso será investigado pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) como cárcere, tortura e feminicídio.
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