Encontro de Lula e Márcio França frustra PT, que rejeita pesquisa e reafirma escolha por Haddad
Foto: Adriano Vizoni/Folhapress/Arquivo |
A conversa entre Lula e o ex-governador Márcio França (PSB-SP), que se reuniram na terça (22) para debater a possibilidade de união do PT e do PSB em torno de uma candidatura única em São Paulo, frustrou lideranças petistas que imaginavam que os dois poderiam avançar para uma solução definitiva sobre o assunto.
O PT já reafirmou diversas vezes que o nome da legenda para disputar o governo paulista será o do ex-prefeito Fernando Haddad (PT-SP). Lula também já fez declarações taxativas sobre a candidatura.
A agremiação considera que já abriu mão de concorrer em diversos estados, como Pernambuco e Rio de Janeiro, para apoiar candidatos do PSB. E quer a reciprocidade com o apoio dos socialistas a Haddad em SP.
França, no entanto, mantém a posição de só retirar a própria candidatura, em nome da união das legendas, depois da realização de pesquisas eleitorais que mostrem qual dos dois nomes é o mais viável para vencer a disputa pelo governo de São Paulo. E defende que os petistas e Haddad mostrem a mesma disposição.
Hoje, Haddad aparece à frente, com 28% dos votos contra 18% de França, segundo pesquisa divulgada pelo instituto Ipespe na semana passada.
Mas o ex-governador defende que as sondagens para a escolha sejam feitas apenas em maio, e que sejam considerados também a rejeição e o potencial de votos de cada pré-candidato.
A expectativa era a de que o impasse fosse superado na conversa com Lula, com o ex-governador sinalizando um recuo imediato e o apoio ao candidato do PT. E levando outros pleitos partidários à mesa de negociação.
Uma declaração de França afirmando que a escolha do candidato em SP caberia ao ex-presidente também tinha renovado as esperanças dos petistas de que um acordo poderia ser enfim desenhado.
Mas não foi o que ocorreu.
Em vez de recuo, França apresentou ao próprio Lula a ideia que vinha sustentando, de que a decisão sobre candidatura deve ser tomada apenas depois da realização de pesquisas.
Ele reafirmou ainda ao ex-presidente que, se aparecer em desvantagem nos vários aspectos que pretende ver analisados, concorda em abrir mão de disputar, em nome de um projeto maior que é a união de forças progressistas contra Jair Bolsonaro.
O resultado da conversa decepcionou lideranças do PT, em especial de São Paulo.
“Defendemos a candidatura de Fernando Haddad porque acreditamos que ela é a que tem mais condições de mudar os rumos do estado de São Paulo. A decisão já está tomada”, diz o deputado federal Rui Falcão (PT-SP), que integra o diretório nacional do partido.
“Além disso, a escolha de candidaturas do PT é feita pela sua militância, em encontros partidários, e não por institutos de pesquisas. Não vamos submeter a candidatura de Haddad a sondagens eleitorais”, segue ele.
O posicionamento é compartilhado por outras lideranças do PT de São Paulo. Elas afirmam que já há uma multiplicidade de pesquisas divulgadas, e que em todas Haddad aparece mais bem posicionado.
De acordo com as mesmas lideranças, França manteve um “bode” na sala difícil de ser aceito.
Mônica Bernardes, Estadão
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