Avançado com Neto e cortejado por Bolsonaro, Leão aguarda conversa com Lula para decidir o que fazer, enquanto Rui promete deixar governo de qualquer jeito para tentar segurá-lo
João Leão: decepção com anúncio repentino de que não assumiria governo no lugar de Rui Costa, como lhe havia sido prometidoFoto: Divulgação/Arquivo |
Uma conversa com o ex-presidente Lula (PT) que pode acontecer a qualquer momento, inclusive hoje, deve definir o destino do vice-governador João Leão (PP) na cena política estadual.
Desde ontem, quando viajou para Brasília, a possibilidade de uma aliança de Leão com o grupo adversário do PT no Estado avançou significativamente.
O vice reuniu-se com a bancada federal do PP, à qual relatou a decepção com o grupo governista – em especial com o senador Jaques Wagner (PT) -, e encontrou-se com o candidato do DEM ao governo, ACM Neto, e o prefeito Bruno Reis (DEM).
Dos parlamentares ouviu palavras de incentivo para o rompimento com o PT e o subsequente apoio à candidatura de Neto ao governo, em troca de uma vaga em sua chapa e de espaços em seu eventual futuro governo.
O encontro com o candidato democrata e Bruno foi descrito pelo vice-governador a interlocutores do partido como simplesmente ‘sensacional’.
Hoje pela manhã, o vice teve uma conversa com o presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira (PI), e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (AL).
Os dois caciques do PP – Ciro é chamado de primeiro-ministro do governo – decidiram entrar em campo, inicialmente, interessados em abrir um canal de interlocução com Neto.
Pensavam em ajudar na composição de Leão com o democrata, oferecendo, inclusive, compensações ao partido na Bahia no governo federal, na expectativa de promoverem uma aproximação do democrata com Jair Bolsonaro (PL).
Isolado com o ministro da Cidadania, João Roma, no Estado, mais perdido que cego em tiroteio, o presidente da República não tem até agora sequer um candidato de expressão que lhe dê palanque na Bahia.
Mas Ciro e Lira viram também nos desgarramento de Leão uma outra alternativa, na hipótese de a operação com Neto não prosperar: transformar Leão no candidato de Bolsonaro no Estado.
Neste caso, teriam como argumento o fato de que o vice rompeu porque foi traído pelo PT e agora tem a chance de oferecer aos baianos um plano de gestão ousado que não lhe deram direito de executar enquanto esteve no governo. Tudo sob a chancela do governo federal, com o qual o governador baiano nunca se relacionou.
Leão, entretanto, quer ouvir, primeiro, de Lula, se procede a garantia que o governador Rui Costa (PT) teria lhe dado, ainda na segunda-feira à noite, de que deixaria o governo de qualquer forma.
Obcecado com a ideia de adquirir foro privilegiado, Rui tem repetido que, apesar de Wagner ter garantido em entrevista que ele ficaria no governo, rompendo o compromisso de Leão substituí-lo, vai renunciar ao mandato quer seja para disputar o Senado ou mesmo uma vaga na Câmara dos Deputados.
Se executar o plano de deixar o governo, romperia explicitamente com Wagner, de cuja determinação passaria por cima, mas teria a justificativa de estar sendo ‘magnânimo’ com o PT ao conseguir, pelos seus cálculos, ajudar a eleger até três candidatos do partido a deputado.
Neste momento, Rui empreende desabalada correria contra o tempo para tentar impedir que Leão feche com Neto ou se lance no vôo da candidatura própria, porque se uma das alternativas ocorrer com brevidade seu sonho de disputar as próximas eleições irá para o espaço.
Afinal, não teria condições políticas de entregar a gestão a um vice que cruzou a fronteira do governo em direção à oposição. Seria um explosão que produziria a mais completa destruição do grupo governista com consequências políticas e pessoais para ele imprevisíveis.
Mas os deputados do PP, com seu filho, o deputado federal Cacá, à frente, têm feito algumas ponderações para a avaliação de Leão.
A mais importante delas é a de que Rui pode estar blefando para evitar que celebre uma saída – por Neto ou na disputa direta ao governo – que agora se tornou de interesse também do PP nacional, partido que, junto com o PL, dirige os destinos políticos de Bolsonaro.
Daí o plano do vice-governador de arrancar o compromisso também de Lula para evitar sofrer, como descreveu aos parlamentares do PP, um novo e doloroso golpe.
Alguns progressistas dizem, no entanto, que talvez nem a palavra do líder petista possa impedir que Leão rompa com o PT baiano para seguir, a partir de agora, um novo caminho, que pode, segundo suas próprias palavras, ser aquele em que apoiará Neto ou encabeçará uma nova chapa ao governo com o apoio de Bolsonaro.
Política Livre
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