Coreia do Norte ameaça confronto com EUA; o que se sabe do arsenal do país
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Não bastasse a preocupação do governo americano em relação ao governo da Rússia, agora a Coreia do Norte realiza testes com um novo tipo de míssil intercontinental (ICBM) com capacidade nuclear. O artefato pode chegar ao alcance dos EUA e causar grande destruição com apenas uma ogiva - o país também voltou a provocar os norte-americanos.
Os dois países são "adversários" políticos de longa data, pois o primeiro ajudou a dividir a península coreana após a Segunda Guerra Mundial, fato, este, que ainda resultou numa guerra entre americanos e coreanos no ano de 1950. As tensões aumentaram nos anos 90 em vista da suposta expansão clandestina do programa nuclear norte coreano.
Como marco do agravamento das relações, atribui-se a saída da Coreia do Norte do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), em janeiro de 2003.
Conforme foi divulgado pela mídia estatal norte-coreana nesta sexta-feira (25), o primeiro teste de longo alcance feito nesta semana foi coordenado de perto pelo líder Kim Jong Un. Ele orientou pessoalmente o lançamento o Hwasong-17, a arma mais avançada até o momento desde 2017. Segundo a Guarda Costeira do Japão, o míssil caiu a 170 quilômetros a oeste de Aomori, no norte do país.
A situação gera tensão nas autoridades de diversos países. O ditador coreano é um dos poucos aliados de Vladimir Putin, que há mais de um mês ataca a Ucrânia, embora não tenha dito isso claramente. Antes desse, no dia 16 de março, Kim Jong Un fez o lançamento de um míssil que parecia explodir logo após a decolagem sobre Pongyang. O presidente americano Joe Biden está em alerta.
O relatório da Agência Central de Notícias da Coreia disse que o míssil atingiu uma altitude máxima de 6.248,5 quilômetros, voou uma distância de 1.090 quilômetros e teve um tempo de voo de 68 minutos antes de "pousar com precisão nas águas planejadas", entre a Península Coreana e o Japão.
Autoridades dos EUA relataram que pelo menos dois testes recentes - 27 de fevereiro e 5 de março - apresentaram o maior sistema ICBM da Coreia do Norte até agora, o Hwasong-17.
Dados do Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) e Departamento de Estado dos Estados Unidos, o mundo tem 12.853 bombas nucleares. Os EUA e a Rússia detém 90% dos artefatos. A Rússia tem 5.977 ogivas, os norte-americanos 5.550 e a China, 350. A Correia do Norte, conforme o levantamento, está em nono lugar, com 50. Estes dados foram divulgados em fevereiro.
Em setembro do ano passado, a Coreia do Norte já havia a lançado ao mar dois mísseis balísticos. "Os Estados Unidos condenaram o lançamento de mísseis da RPDC.
O lançamento viola múltiplas resoluções do Conselho de Segurança da ONU e representa uma ameaça aos seus vizinhos e a outros membros da comunidade internacional", disse um porta-voz do Departamento de Estado, referindo-se à Coreia do Norte. No entanto, ele disse que o governo do presidente Joe Biden estava à disposição para o diálogo.
Essa retomada causa preocupação também na Coreia do Sul. Em fevereiro, o presidente Moon Jae-in pediu que essas ações fossem cessadas. "Se a série de lançamentos de mísseis da Coreia do Norte chegar ao ponto de acabar com uma moratória nos testes de mísseis de longo alcance, a Península Coreana pode voltar instantaneamente ao estado de crise que enfrentamos há cinco anos", disse Moon à época. "Evitar tal crise por meio do diálogo e da diplomacia persistentes será a tarefa que os líderes políticos dos países envolvidos deverão cumprir juntos", acrescentou.
O cessar-fogo com os sul-coreanos acontece desde 1953. Seul é protegida, do ponto de vista nuclear, pelos Estados Unidos. Dessa maneira, não é o poder nuclear em número de ogivas o fator que gera maior preocupação na comunidade internacional, mas o provável alcance intercontinental dos mísseis coreanos.
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