Petrobras sobe na Bolsa com anúncio do aumento da gasolina
Foto: Fernando Frazão/Arquivo Agência Brasil |
Ações da Petrobras negociadas na Bolsa de valores brasileira começavam esta quinta-feira (10) em alta após a companhia ter anunciado mais cedo reajustes nos preços da gasolina e do óleo diesel nas refinarias. As altas entram em vigor na sexta-feira (11).
Pressionada pelo avanço das cotações do petróleo com a guerra entre Rússia e Ucrânia, a empresa controlada pelo governo federal elevará a gasolina em 18,8% para as distribuidoras. Para o diesel, o aumento é ainda maior, de 24,9%. O valor subirá quase R$ 1 por litro, de R$ 3,61 para R$ 4,51. O gás de cozinha terá reajuste de 16,1%.
Às 11h20, os papéis preferenciais (que não dão direito a voto, mas têm preferência no recebimento de dividendos) subiam 2,64%. As ações ordinárias (com direito a voto) avançavam 2,08%.
A disparada do preço do petróleo no mercado internacional reforçou o temor de investidores sobre o debate político quanto à paridade internacional de preços da Petrobras. Na última segunda-feira (7), as ações da companhia afundaram mais de 7% após o presidente Jair Bolsonaro (PL) ter criticado o sistema que equipara o valor dos combustíveis no Brasil à flutuação da cotação da matéria-prima e do dólar.
O tombo na Bolsa levou a Petrobras a perder R$ 34,7 bilhões em valor de mercado em um único dia.
Os ganhos da petroleira não eram suficientes para impedir a queda de 1,70% do Ibovespa, que levavam o índice de referência da Bolsa a recuar aos 11.956 pontos.
Com a baixa nesta quinta, o mercado acionário perdia grande parte do avanço de 2,5% obtido na véspera com uma onda global de otimismo gerada por aparentes avanços nos diálogos para o fim da guerra.
Indicando o crescimento da aversão de investidores às aplicações mais arriscadas, o dólar caía 1,03%, a R$ 5,0630.
Além da ausência de notícias de avanços concretos no diálogo entre Rússia e Ucrânia, dados do governo americano divulgados nesta quinta demonstraram que a inflação anual nos Estados Unidos renovou o recorde em 40 anos, subindo 7,9%.
Analistas ouvidos pelo The Wall Street Journal avaliam que, sem uma trégua na guerra, os próximos relatórios trarão avanços ainda maiores no custo de vida do consumidor americano, sobretudo devido ao encarecimento do petróleo e derivados.
O preço do barril do petróleo Brent, referência mundial, subia 4,53% nesta manhã, a US$ 116,18. A commodity recuperava, portanto, parte da queda de 13,16% desta quarta (9), a maior desde o início da pandemia de Covid-19.
Além da esperança sobre um desfecho diplomático para acabar com a guerra, expectativas sobre o aumento da oferta de petróleo ajudaram a derrubar o preço da commodity nesta quarta, quando os Emirados Árabes Unidos sinalizaram apoio a um aumento da produção.
O embaixador do país em Washington, Yousuf Al Otaiba, afirmou que é a favor de um aumento na produção. O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, também disse que os Emirados Árabes estavam dando suporte ao acréscimo.
Horas depois, o ministro da Energia dos Emirados Árabes Unidos, Suhail al-Mazrouei, disse no Twitter que o país acredita “no valor que a Opep+ traz para o mercado de petróleo”, em referência ao cartel formado pelos países produtores do que os Emirados Árabes Unidos fazem parte.
Desde o início da entrada de tropas russas em território ucraniano, a cotação do petróleo já subiu 19,88%.
A pressão aumentou ainda mais com o mercado se antecipando à decisão do presidente Joe Biden de determinar o banimento das importações da matéria-prima produzida na Rússia, que é um dos maiores exportadores globais.
Na segunda, um dia antes da confirmação do embargo americano, o barril do Brent subiu US$ 123,21, relativamente próximo do recorde de US$ 147,50 de julho de 2008.
Não é só a guerra que vem acelerando o preço do petróleo. Desde o final do ano passado, a Opep vem se recusando a atender os pedidos do Ocidente para que acelere o aumento a oferta da matéria-prima. A necessidade de avanço da produção resulta da reabertura econômica possibilitada pelo avanço da vacinação contra a Covid-19.
Clayton Castelani/Folhapress
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