AGU diz que Milton Ribeiro fez citação indevida a Bolsonaro em áudio com pastores
Foto: Divulgação/MEC/ Pastor Arilton com o então ministro da Educação, Milton Ribeiro, dentro do MEC |
Na gravação, Ribeiro afirma que o Executivo prioriza
prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados pelos dois
pastores que não têm cargo e atuavam em um esquema informal de obtenção de
verbas do MEC (Ministério da Educação).
“Foi um pedido
especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor]
Gilmar”, diz o então ministro na conversa em que participaram prefeitos e os
dois religiosos.
Segundo a AGU, porém, é “inviável inaugurar qualquer
procedimento de investigação judicial eleitoral” com base no diálogo do
ex-ministro.
“O áudio juntado aos autos, que deu origem à reportagem do
jornal Folha de S.Paulo, revela apenas diálogos em que terceiros fazem menção
indevida ao nome do Presidente da República. Não há qualquer outro suporte
fático ou probatório além de demonstrações de suposto prestígio e da própria
interpretação dos fatos realizada pela matéria”, diz.
A AGU também afirma que a CGU (Controladoria-Geral da União)
já fez duas investigações para apurar supostos favorecimentos por parte de
agentes públicos do MEC e que ambas foram arquivadas por não terem sido encontradas
quaisquer irregularidades.
Além disso, cita que a controladoria abriu um novo
procedimento após a publicação da reportagem que “busca averiguar, em especial,
o pedido de vantagem por terceiros”.
A AGU também alega que a investigação solicitada pelo PT
junto ao TSE não pode ser instaurada porque as eleições ainda não começaram.
“Seguindo esta linha, o Tribunal Superior Eleitoral entende
que a ação judicial de investigação judicial eleitoral pode ser ajuizada apenas
a partir do registro da candidatura”, diz
Uma semana após a revelação do áudio, Ribeiro deixou o
comando do ministério. O ex-ministro também é pastor e mantinha relação próxima
com a família Bolsonaro. Em uma rara declaração pública, a primeira-dama,
Michelle Bolsonaro, saiu em defesa de Ribeiro e disse que ele é “uma pessoa
honesta”.
“Ainda não tive tempo de ver, mas estou orando pela vida
dele. Eu confio muito nele”, comentou.
Matheus Teixeira/Folhapress
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