David Uip se recupera de reinfecção por Covid e alerta que ‘casos estão aumentando’
Um dos primeiros médicos a tratar de pacientes de Covid-19 no Brasil —e também a ser infectado pelo novo coronavírus, em 2020—, o infectologista David Uip voltou a contrair a doença neste mês. Chegou a ser internado no Hospital Sírio Libanês, em SP. E agora, já recuperado, faz um alerta: depois de uma trégua profissional de quase um mês, em que sua equipe não tratou de nenhum doente, eles agora voltaram a aparecer no consultório.
“Há quase um mês eu não via pacientes com Covid-19 no meu consultório. Estava tudo tranquilo. Agora, tenho atendido de dois a três doentes por dia”, afirma. “O consultório é um baita marcador. A minha visão, empírica, mostra que os casos voltaram a crescer”, diz ele.
Dados da Secretaria de Estado da Saúde confirmam as impressões causadas pelo dia a dia do consultório do médico: as internações por Covid-19 subiram 6% no estado, depois de várias semanas em queda. Passaram da média diária de 146 hospitalizações para 155.
Um dos pacientes que entraram na contabilidade, Uip celebraria seus 70 anos no dia 16. Descobriu que estava infectado, e cancelou tudo. “Eu tinha acabado de tomar a quarta dose da vacina. Não houve tempo de ela fazer efeito”, diz ele. Mas as três doses anteriores, acredita, ajudaram a fazer com que a situação não se agravasse.
“Fui internado por precaução. Tenho dois stents [tubo que impede o entupimento de artérias] e 70 anos de idade”, afirma. Os sintomas foram relativamente leves. “Uma dor de garganta insuportável, que não me permitia engolir nem saliva, e coriza. Fiquei totalmente afônico.” Depois de três dias, recebeu alta.
A primeira infecção, em março de 2020, quando não estava ainda vacinado, gerou um sofrimento maior. O médico teve dores musculares e sentiu um cansaço “insuportável”. Depois, teve síndrome de burnout —que passou a diagnosticar com frequência em pacientes no pós-Covid.
Uip acredita que ele e a mulher, Tereza, que também foi diagnosticada, contraíram a Covid-19 em um casamento. “Sempre usamos máscaras. Mas tiramos para comer, e muitas pessoas se aproximavam para conversar”, relembra.
Mônica Bergamo, Folhapress
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