Morte de Anderson foi motivada pelo controle que ele exercia sobre Flordelis, diz delegada
A delegada Bárbara Lomba Bueno afirmou nesta terça-feira (12) em julgamento do caso Flordelis que a motivação para a morte de Anderson do Carmo, em 2019, foi o poder que ele tinha acumulado sobre a vida da ex-deputada. Ela está presa desde agosto do ano passado e sob acusação de ter arquitetado a morte do marido.
Segundo a delegada, que era titular da delegacia de homicídio de Niterói na época do crime, o pastor exercia controle sobre diversos aspectos da vida de Flordelis dos Santos de Souza, sobretudo o financeiro.
O controle, diz ela, aumentou após a pastora ter sido eleita deputada federal, em 2018. À época, Flordelis teve a quinta maior votação do estado. Foram mais de 196 mil votos.
“Quando ele consegue elegê-la, o poder dele se multiplica, cresce muito. Embora ele não tivesse posição formal dentro do gabinete, ele era o articulador político. Dizia onde ela tinha que sentar e para quem ela tinha que olhar”, diz ela, acrescentando que ele dava esse tipo de orientação para que ela se aproximasse de nomes influentes da política.
“A Flordelis em certo momento já não tinha controle exclusivo sobre as coisas dela, só talvez sobre a remuneração como deputada, mas ela já não tinha controle sobre a própria vida financeira”.
Segundo a delegada, o núcleo da família que se voltou contra Anderson entendia que o que eles tinham havia sido construído graças à imagem de Flordelis. O poder, porém, estava concentrado nas mãos de Anderson.
“Já havia descontentamento antes da eleição por causa do modo como o Anderson mandava nas coisas”, diz a delegada. “Quando ela vira deputada, há uma decisão que a atuação de Anderson tinha que ser interrompida, mas não pela separação”.
Bueno explica que essa decisão foi tomada porque Flordelis considerava que a separação poderia macular a imagem de família tradicional que a pastora tentava transmitir.
Em uma troca de mensagens reveladas na investigação, a pastora diz que se separar não era uma opção. “Fazer o quê? Separar dele não posso, porque senão ia escandalizar o nome de Deus'”, escreveu ela.
Uma das estratégias da defesa de Flordelis é tentar desconstruir a imagem de Anderson, dizendo que a pastora e suas filhas foram vítimas de abusos sexuais, emocionais e patrimoniais.
A delegada diz que, nos depoimentos, não colheu informações que corroborassem essa tese. “Essa informação de abuso não foi confirmada. Ninguém falou isso. Tinha relação consentida entre as pessoas, mas ninguém falou em abuso”.
O julgamento do caso começou na manhã desta terça-feira (12), com o depoimento da delegada.
Dos cinco acusados, três são filhos da pastora: Adriano dos Santos (filho biológico de Flordelis), André Luiz de Oliveira e Carlos Ubiraci Francisco da Silva (filhos afetivos).
O ex-PM Marcos Siqueira Costa e sua esposa Andrea Santos Maia também estão sentados no banco dos réus.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos acusados.
Matheus Rocha//Folhapress
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