Colômbia extradita maior narcotraficante do país para os EUA

O maior narcotraficante da Colômbia, "Otoniel", chefe do Clã do Golfo, foi extraditado nesta quarta-feira para os Estados Unidos, onde será julgado por um tribunal de Nova York, anunciou o presidente Iván Duque.

"Foi extraditado Dairo Antonio Úsuga, um assassino de lideranças sociais, abusador de crianças e adolescentes, assassino de policiais e um dos criminosos mais perigosos do planeta", anunciou o presidente em declaração pública na sede do governo.

Otoniel foi escoltado pela polícia da prisão para um aeroporto militar nos arredores da cidade, onde embarcou em um avião da agência antidrogas DEA.

Dairo Antonio Úsuga foi preso em outubro de 2021, durante uma megaoperação policial em uma área de selva colombiana próxima do Panamá. Até então, ele comandava o Clã do Golfo, responsável por 30% (cerca de 300 toneladas) das exportações de cocaína do maior produtor mundial dessa droga.

Desde 2009, uma corte do Distrito Sul de Nova York o exige por tráfico de drogas. A Justiça colombiana também acusa o chefe, 50, de homicídio, terrorismo, recrutamento de menores e sequestro, entre outros crimes que teria cometido quando era guerrilheiro e paramilitar, antes de se tornar o narcotraficante mais procurado do país.

As vítimas haviam solicitado a "suspensão" da extradição, citando seu direito de conhecer a verdade e de serem indenizadas. Mas a Justiça colombiana autorizou a sua extradição nesta quarta-feira, informou a defesa de Úsuga à AFP.

"Esse bandido foi extraditado para cumprir as penas por narcotráfico nos Estados Unidos. Mas quero deixar claro que, uma vez que cumpra essas penas, ele irá retornar à Colômbia para pagar pelos crimes que cometeu em nosso país", afirmou Duque.

Para o governo, a captura e extradição de Otoniel é o golpe mais contundente recebido pelo narcotráfico desde a morte do rei da cocaína, Pablo Escobar, morto a tiros por autoridades em Medellín, em 1993.

- Predador sexual -

Nascido em uma família de camponeses do noroeste da Colômbia, "Otoniel" foi guerrilheiro e paramilitar antes de se tornar o líder de uma organização com cerca de 1.600 homens e presença em quase 300 municípios, segundo o centro de estudos independente Indepaz.

Úsuga foi acusado por autoridades de abusar de meninas e adolescentes em suas áreas de atuação. Em 2017, anunciou sua intenção de chegar a um acordo para se submeter à Justiça, mas o governo respondeu com uma perseguição feroz.

O Clã foi dizimado por uma série de golpes das autoridades contra o círculo próximo de Otoniel. Após a sua captura, Duque proclamou o começo do fim daquela que é considerada a maior quadrilha de narcotraficantes do país.

Otoniel passou a chefiar o Clã do Golfo após a morte de seu irmão, Juan de Dios, aliás 'Giovanni', em confrontos com a polícia em 2012. Ele combateu junto ao Exército Popular de Libertação, uma guerrilha marxista desmobilizada em 1991.

Voltou a combater junto a grupos paramilitares de extrema direita, que semearam terror nos anos 1990 com massacres e atrocidades cometidas em sua luta contra as guerrilhas de extrema esquerda.

Muitos destes grupos de autodefesa se desmobilizaram em 2006 por iniciativa do governo de Álvaro Uribe (2002-2010). Mas 'Otoniel' decidiu se manter na ilegalidade.

Após meio século de luta contra o narcotráfico, a Colômbia permanece como principal produtor mundial de cocaína. Os Estados Unidos, maior consumidor da droga que a Colômbia exporta, acusam Otoniel e sua organização pela entrada de 73 toneladas de cocaína em seu território entre 2003 e 2012.

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