Tucanos indicaram pelo menos R$ 483 milhões do orçamento secreto
Deputados e senadores do PSDB indicaram pelo menos R$ 483 milhões do orçamento secreto. O levantamento feito pela reportagem nos dados declarados pelos parlamentares ao Supremo Tribunal Federal (STF) revela que quase a totalidade da bancada da Câmara recebeu os recursos.
O valor pode ser ainda maior, já que alguns não informaram quanto receberam e outros não responderam à solicitação do STF. Nem todos os valores foram efetivamente pagos. Alguns sequer tiveram empenho.
Dos 22 deputados, 19 declararam ter recebido emendas de relator. O campeão foi Ruy Carneiro (PSDB-PB), que teve direito a R$ 76 milhões. Na sequência aparecem Carlos Sampaio (PSDB-SP), com R$ 39,5 milhões, e Bia Cavassa (PSDB-MS), suplente que exerceu mandato, com R$ 37,2 milhões.
O deputado Alexandre Frota (PSDB-SP), ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), encaminhou ofício informado não ter recebido da verba. Já Aécio Neves (PSDB-MG) e Joice Hasselmann (PSDB-SP), por exemplo, não responderam o pedido de informações.
Rose Modesto (PSDB-MS), Nilson Pinto (PSDB-PA), Lucas Redecker (PSDB-RS) e Adolfo Viana (PSDB-BA) declararam ter recebido e indicaram o número das emendas, mas não detalharam o valor.
Essas indicações são classificadas como RP-9, mas ganharam o apelido de orçamento secreto porque não são transparentes como as emendas parlamentares. Elas são feitas diretamente ao relator do Orçamento ou aos presidentes das casas legislativas. Por isso, justificou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), os dados disponíveis são aqueles encaminhados pelos próprios parlamentares a ele.
A reportagem procurou a assessoria de comunicação da liderança do PSDB na Câmara na tarde desta quinta-feira (12), mas não teve retorno até a publicação desta nota.
No Senado, apenas dois parlamentares do partido foram agraciados com a emenda de relator: Mara Gabrilli (SP), com R$ 20 milhões, e Plínio Valério (AM), com R$ 81,6 milhões.
O líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF), respondeu que, como líder, não tem o que comentar. “A opção das escolhas de emendas, bem como a destinação delas, é prerrogativa dos senadores, que gozam de plena autonomia política para atender a população dos seus estados”, afirmou.
O PSDB não integra oficialmente a base de apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem se valido dos recursos para manter deputados alinhados às suas pautas. O partido, inclusive, discute lançar uma candidatura à Presidência adversária a Bolsonaro.
Juliana Braga/Folhapress
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