Casa abandonada em Higienópolis: Entenda o caso da mulher que vive em mansão de SP
A casa e a história de Margarida Bonetti vêm chamando a atenção de curiosos desde que o caso foi retratado em podcast. Ela foi investigada pelo FBI e é acusada de ter agredido e mantido uma mulher trabalhando em condição análoga à escravidão nos EUA, onde morava.
A Polícia Civil de São Paulo cumpriu na tarde desta quarta-feira (20) um mandado de busca e apreensão em uma casa de Higienópolis, região central da capital. A operação faz parte de um inquérito que investiga um possível abandono de incapaz tendo como vítima Margarida Bonetti, 63 anos, moradora do casarão.
A casa e a história de Margarida vêm chamando a atenção de curiosos desde que o caso foi retratado no podcast "A Mulher da Casa Abandonada", lançado em junho pela Folha de S. Paulo. Margarida é acusada de ter agredido e mantido uma mulher trabalhando em condição análoga à escravidão durante duas décadas nos Estados Unidos, onde morava.
Entenda, a seguir, o que se sabe sobre o caso e quais são os principais pontos da história de Margarida Bonetti.
Quem é "a mulher da casa abandonada"?Margarida Bonnetti, herdeira de uma família rica de São Paulo, tem 63 anos e foi casada com o engenheiro Renê Bonetti. Ela esteve na lista de procurados pelo FBI (a polícia federal de investigação norte-americana), acusada de cometer crimes nos Estados Unidos, como trabalho análogo à escravidão e agressão contra a ex-empregada doméstica. O casal foi denunciado à polícia americana no ano 2000. A TV Globo acompanhou o caso na época.
Renê Bonetti chegou a ser julgado, condenado e preso nos Estados Unidos, onde cumpriu pena, e foi solto. De acordo com o podcast, o engenheiro hoje ocupa o cargo de diretor na empresa Northrop Grumman Innovation Systems. À época do julgamento, Margarida fugiu para o Brasil, onde vive até hoje, na mansão em Higienópolis.
Por que a polícia entrou na mansão?
A Polícia Civil de São Paulo cumpriu um mandado de busca nesta quarta (20) para investigar as condições em que Margarida vive e avalia se ela tem condições de permanecer na casa. Nesta operação, ela é tratada como uma possível vítima de abandono de incapaz.
A investigação começou depois que vizinhos do imóvel em Higienópolis ligaram para diversas delegacias, afirmando que uma pessoa que apresentava indícios de problemas de saúde mental estava no local e precisava de ajuda. Ela passou por avaliação médica, para ver se teria condições de ficar sozinha na casa, mas o resultado do laudo ainda não foi divulgado. Margarida afirmou à polícia que não quer deixar o local.
"Estamos em um mandado de busca porque [...] ela está lá com esse lixo todo, convivendo, tem animais na casa, ou seja é um problema social", disse o delegado-geral Oswaldo Nico.
No início de julho, agentes de uma ONG de proteção animal resgataram dois cães que estavam na casa. Vídeos gravados pelo grupo mostram o momento em que os animais foram encontrados no local, em meio a fezes, urina e lixo. Vizinhos da casa também relatam, com frequência, odores fortes vindos do local. A mesma ONG esteve presente na operação desta quarta (20), quando mais um cachorro foi resgatado.
Em que condições vive a mulher?
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Em que condições vive a mulher?
O que aconteceu com a mulher vítima do crime de Renê e Margarida?
De acordo com relatos divulgados no podcast "A mulher da casa abandonada", a vítima de Renê e Margarida Bonetti, que prefere não ser identificada, foi resgatada após denúncias de uma vizinha. Hoje, ainda de acordo com o podcast, ela tem 85 anos, ainda mora nos Estados Unidos, está bem de saúde e vive de uma indenização que recebeu de Renê após a conclusão do processo.
Por que Margarida não pode ser presa pelos crimes cometidos nos EUA?
A punição para quem comete o crime de trabalho análogo à escravidão está prevista no artigo 149 do Código Penal e varia de 2 a 8 anos de prisão e pagamento de multa, além da pena correspondente à violência. Mas não há um mandado ou sequer uma investigação contra Margarida Bonetti. Ela e Renê foram denunciados nos Estados Unidos em 2000, 22 anos atrás. De acordo com o Código Penal brasileiro, depois de 20 anos, crimes prescrevem, ou seja, não podem mais ser julgados.
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Fonte: G1
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