Ato pela democracia prevê acesso controlado e telões externos
Organizadores do manifesto pela democracia que já soma mais de 700 mil assinaturas comemoram adesão significativa, mas também expressam preocupação com o espaço interno da Faculdade de Direito da USP, onde o documento será lido no dia 11 de agosto. Por isso, trabalham para ampliar a estrutura com a instalação de telões no Largo São Francisco, além de espaços demarcados para carros de sons.
São esperadas de 5.000 a 8.000 pessoas dentro e nos arredores da instituição, segundo o diretor da Faculdade de Direito da USP, Celso Campilongo. O ato para leitura do documento terá representantes de diversas entidades, entre as quais de centrais sindicais e de movimentos estudantis.
Como não descartam a participação ainda maior de público, os organizadores se reuniram nesta quarta-feira (3) com o secretário de Segurança, João Camilo Pires de Campos, para informar o cronograma previsto para o evento. Procurada, a secretaria disse que ainda não definiu o plano de segurança.
Quem quiser ter acesso às dependências internas da faculdade, onde o documento será lido, terá de fazer o credenciamento prévio. Porém, o formato do cadastro ainda não foi acertado.
O comitê organizador faz orçamentos para a contratação de dois telões que serão instalados em frente à faculdade no Largo São Francisco, centro de São Paulo. Centrais sindicais deverão disponibilizar um caminhão de som para que alguns dos presentes possam discursar.
O ato deve começar às 10h e tem término previsto para as 13h.
Além da leitura do documento, serão homenageados os signatários da “Carta aos Brasileiros”, lida na instituição em 1977. Entre os nomes confirmados estão o do ex-ministro da Justiça José Gregório e o do jurista José Afonso da Silva. Organizadores ainda trabalham com a ideia de exibir depoimentos de artistas.
Por questão de segurança, o nome da pessoa que lerá a carta agora em 2022 está sendo mantido sob sigilo.
Atos também estão previstos para acontecer em outras capitais, como Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza e Recife.
Segundo organizadores, várias universidades e faculdades de direito e centros acadêmicos aderiram à carta e vão receber sinal para transmissão ao vivo nos campi.
O comitê organizador busca ainda ONGs e outras entidades da sociedade civil e estudantil para reprodução da leitura da carta em tempo real em vários pontos do território nacional.
“É muito bom perceber que tem uma parte da cidadania brasileira que não quer abrir mão desse país, um país que tem futuro se puder caminhar dentro da legalidade, da preservação da democracia, do estado democrático de direito”, diz a advogada Raquel Preto, do grupo Prerrogativas e uma das responsáveis pela organização do ato no dia 11.
O manifesto tem provocado críticas do presidente Jair Bolsonaro (PL). Nesta quarta, ele voltou a ironizar a iniciativa.
“Nenhum de vocês que assinaram cartinhas por aí se manifestaram naquele momento”, disse o candidato à reeleição, durante culto promovido pela bancada evangélica do Congresso, ao comentar medidas tomadas por prefeitos e governadores para conter a crise nos primeiros meses da pandemia.
Na terça, o presidente chamou de “cara de pau” e “sem caráter” quem assinou o documento.
Para o advogado e coordenador do Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, que ajuda a organizar o ato, as manifestações contrárias do presidente ajudaram a propagaram o manifesto.
“Já tínhamos nos mobilizado, mas quando ele repele o manifesto, é quase como se disse que não concorda com os termos. Aí muita gente começa a se posicionar aderindo o documento”, diz.
Até o dia 11, os organizadores esperam ultrapassar a marca de um milhão de assinaturas em apoio à democracia e à lisura do processo eleitoral brasileiro.
Considerada uma resposta às ameaças golpistas de Bolsonaro, a carta nasceu a partir de um grupo de ex-alunos da Faculdade de Direito da USP que pretendia homenagear os 45 anos da “Carta aos Brasileiros”, lida em 1977.
Outro manifesto a favor da democracia é articulado por entidades empresariais, sendo a principal delas a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), e também deve ser endossado por outras organizações da sociedade civil. Este segundo documento deverá ser publicado também no dia 11 de agosto.
Em reação ao documento, um grupo que se identifica como Movimento dos Advogados de Direita (ADBR) lançou um manifesto de apoio a Bolsonaro e “em defesa das liberdades individuais e das garantias fundamentais”.
A carta foi divulgada na última quinta-feira (28) em uma plataforma online de abaixo-assinados, e já contava com mais de 760 mil assinaturas nesta quarta.
Renan Marra/Folhapress
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