Bolsonaro diz que não deixou de falar a verdade após Chile convocar embaixador

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta terça-feira (30) que não deixou de falar a verdade sobre o homólogo chileno Gabriel Boric em debate no domingo (28). As acusações feitas pelo brasileiro fizeram com que Santiago convocasse o embaixador brasileiro.

“O presidente do Chile agora começou a chamar o embaixador, uma maneira que ele tem de mostrar a insatisfação comigo. Se eu exagerei ou não, não deixei de falar a verdade”, disse. “A Constituinte do Chile vai na contramão do que qualquer país democrático quer. Isso é problema deles? É problema deles, mas o cidadão lá teve o apoio de um cara aqui do Brasil.”

O principal adversário de Bolsonaro no pleito de outubro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), manifestou apoio a Boric ne eleição chilena —enquanto o atual mandatário endossou a candidatura do ultradireitista José Antonio Kast. O Chile realiza no próximo domingo (4) um plebiscito sobre a proposta de nova Constituição.

Bolsonaro participou nesta terça de evento do Instituto União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs), em Brasília.

Na véspera, o governo chileno havia feito a convocação do representante da chancelaria brasileira para prestar esclarecimentos. Essa medida, nos meios diplomáticos, é uma forma de expressar desagrado de um governo com alguma ação de outro país —no caso, com as declarações de Bolsonaro durante debate entre os candidatos à Presidência, quando tentava atacar Lula.

“Lula também apoiou o presidente do Chile, o mesmo que praticava atos de tacar fogo em metrôs lá no Chile. Para onde está indo nosso Chile?”, disse Bolsonaro, nas declarações finais do debate organizado por Folha, UOL e TVs Bandeirantes e Cultura. Na fala, ele ainda criticou outros líderes de esquerda na região, que comandam Venezuela, Argentina, Colômbia e Nicarágua.

Com origem na política estudantil, Boric participou dos protestos de 2011 pela gratuidade do sistema de ensino superior e foi eleito deputado pela primeira vez em 2014. Apesar de apoiar as reivindicações dos protestos de 2019, quando ocorreram os fatos citados por Bolsonaro, o atual presidente do Chile não era parte do movimento, como quis dar a entender o presidente brasileiro.

“São absolutamente falsas e lamentamos que, em um contexto eleitoral, se fale das relações bilaterais através da desinformação e das notícias falsas”, disse a ministra de Relações Exteriores chilena, Antonia Urrejola, na segunda (29).

Em nota, a chancelaria chilena reforçou que as declarações de Bolsonaro são “inaceitáveis e não condizem com o trato respeitoso que deve haver entre chefes de Estado nem com as relações fraternas entre os dois países latino-americanos”.

Durante sua campanha à reeleição, Bolsonaro tem feito seguidas críticas aos governos de esquerda da região, muitas vezes apontando problemas econômicos de Venezuela e Argentina. O presidente aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para o primeiro turno, atrás de Lula.

Folhapress

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