Piquet doa R$ 501 mil e se torna o maior doador da campanha de Bolsonaro

Tricampeão mundial de Fórmula 1 (1981, 1983 e 1987), o ex-automobilista e empresário brasileiro Nelson Piquet doou R$ 501 mil como pessoa física para a campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Essa é a maior doação recebida pela campanha bolsonarista até o momento. As informações estão disponíveis no site Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Ao todo, Bolsonaro recebeu R$ 1.171.435,88 em doações de ao menos quatro pessoas físicas até hoje. São elas: do ex-automobilista Nelson Piquet Souto Maior, no valor de R$ 501 mil; Gilson Lari Trennepohl, com R$ 350 mil; Ronaldo Venceslau Rodrigues da Cunha, no valor de R$ 60 mil; e Sergio Cardoso de Almeida Filho, com a doação de R$ 30.000,88.

A doação de Piquet representa quase a metade do valor arrecadado entre todas as pessoas físicas para a campanha.

Os valores doados pelos quatro nomes disponíveis na plataforma do TSE somam R$ 941.000,88. Não foram informados os nomes dos responsáveis pelas doações dos R$ 230.435,00 restantes. Até o momento, o presidente também recebeu R$ 10 milhões da direção nacional do PL. Bolsonaro está aparecendo em segundo lugar nas pesquisas eleitorais.

Com a doação de Piquet e dos valores restantes, Bolsonaro ultrapassou o também candidato ao Palácio do Planalto Pablo Marçal (Pros), que até quarta-feira (24) ocupava o primeiro lugar no ranking de doações de pessoas físicas com o total de R$ 485.051,90.

Até a quarta-feira (24), Bolsonaro tinha arrecadado R$ 175.305,88 em doações.

O UOL entrou em contato com o assessor de corridas de um dos filhos de Piquet, Nelson Piquet Jr., que afirmou que o ex-automobilista não tem assessoria de imprensa.

Piquet, que completou 70 anos neste mês, segue atuando como empresário e, com nome influente em Brasília, se aproximou do presidente Jair Bolsonaro (PL) nos últimos tempos.

Em entrevista concedida à RedeTV!, ele detalhou a aproximação com o político e não escondeu o seu apoio aos atos do agora amigo.

“Fiquei fã dele. Eu o conheci, ele me convidou para almoçar e a gente se deu bem. Nunca me envolvi em política na vida, hoje sou Bolsonaro até a morte. Se a gente não ajudar ele, se o povo não ajudar ele… eu acho que ele é a salvação do Brasil”, disse.

A admiração fez com que Piquet virasse chofer de Bolsonaro por um dia. A cena aconteceu no Dia da Independência, em 7 de setembro de 2021. O ex-piloto dirigiu o Rolls-Royce presidencial na chegada do presidente à cerimônia de hasteamento da Bandeira Nacional.

O Rolls-Royce conduzido por Piquet é o Silver Wraith de 1952, mantido pelo Ministério da Defesa. O modelo é usado por presidentes em ocasiões especiais, como a posse. O carro chegou ao Brasil ordenado por Getúlio Vargas.

A cena virou meme nas redes sociais. Internautas ironizaram a situação e disseram que Piquet, há muito tempo aposentado das pistas, “virou motorista de aplicativo”. Na ocasião, Bolsonaro já era criticado por participar de atos antidemocráticos.

Piquet também já participou em comícios do atual presidente. Em um deles, no ano passado, o ex-piloto pediu a palavra ao político para criticar a TV Globo, chamando a emissora de “Globolixo”, discurso já utilizado pelo chefe do Executivo e seus apoiadores.

No ano passado, o ex-piloto voltou aos holofotes do esporte após usar termo racista e expressão homofóbica para falar de Lewis Hamilton, atual astro da categoria.

Em vídeo de entrevista ao jornalista Ricardo Oliveira, em novembro de 2021, ele chamou, por mais de uma vez, o atual piloto da Mercedes de “neguinho” ao comparar um acidente de Senna e Prost com o ocorrido entre Hamilton e Max Verstappen em Silverstone.

“O neguinho meteu o carro e não deixou [Verstappen desviar]. O neguinho deixou o carro porque não tinha como passar dois carros naquela curva. Ele fez de sacanagem”, afirmou Piquet, que é sogro de Verstappen.

Apesar de a publicação do vídeo datar do último ano, a fala veio à tona somente em junho, gerando grande repercussão nas redes sociais.

Hamilton se manifestou nas redes sociais —com direito a texto em português— e também falou sobre o assunto em entrevistas, dizendo que essas são “mentalidades arcaicas” e que precisam ser mudadas.

Diante de tudo o que ocorreu, Piquet se manifestou por meio de um comunicado pedindo desculpas, afirmando que o “termo é um daqueles largamente e historicamente usados de forma coloquial no português brasileiro como sinônimo de ‘cara’ ou ‘pessoa'”.

UOL/Folhapress

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