Brasil deverá ter mais de 500 mil milionários até 2026, prevê estudo

O total de milionários no Brasil deve passar dos atuais 266 mil para 572 mil até 2026, aponta um estudo do banco Credit Suisse, que mostra também um aumento da concentração de riqueza em nível global.

O levantamento, chamado Global Wealth Report 2022, considera como milionário quem possui fortuna superior a US$ 1 milhão (R$ 5,14 milhões, na cotação desta terça-feira, 20). Ao final de 2021, havia 62,5 milhões de indivíduos com esse nível de riqueza no mundo todo, 5,2 milhões a mais do que em 2020.

“Esta alta acelerada reflete em parte o fato de que a inflação mais alta torna mais fácil ultrapassar a barreira do milhão de dólares”, aponta o estudo.

A alta de preços aumenta o valor dos bens, como imóveis, o que amplia o valor do patrimônio de quem já tem propriedades. A valorização de ativos financeiros também ajuda a reforçar o caixa dos ricos.

O aumento previsto do número de milionários no Brasil, de 115% na comparação entre 2026 e 2021, é um dos maiores do mundo e superior à média da América Latina (99%).

Outros países emergentes, como China (alta de 97%), Índia (105%) e México (78%) também deverão ter aumento no número de ricos. Já o crescimento do total de milionários será menor em países desenvolvidos, como os Estados Unidos (alta de 13%), Alemanha (26%) e Itália (18%).

A diferença entre os dois grupos de países se deve às perspectivas de menor crescimento econômico nos países de maior renda. A expectativa é que as fortunas subirão 10% ao ano nas economias emergentes, mas só 4,2% nas nações de alta renda, segundo a instituição suíça.

No entanto, países da América do Norte e da Europa já possuem uma grande quantidade de milionários. Os EUA somam 24 milhões de habitantes com fortuna superior a US$ 1 milhão, em meio a uma população de 334 milhões. No Brasil, há 266 mil milionários.

O número de ultrarricos, com patrimônio superior a US$ 50 milhões (R$ 257,3 milhões), também deve subir, dos atuais 264 mil para 385 mil até 2026, considerando dados globais. Mais de 140 mil deles vivem nos EUA, e 32 mil na China.

O Credit Suisse estima que toda a riqueza do planeta somava US$ 463 trilhões ao final de 2021, um aumento de 9,8% em relação a 2020. Contudo, a concentração de renda —e consequentemente a desigualdade social— têm piorado. Cerca de 1% da população é dona de 45,6% do total da riqueza do planeta. Em 2019, antes da pandemia, eles controlavam 43,9%.

No Brasil, o 1% mais rico da população detém 49,3% da riqueza nacional. Nos EUA, o 1% no topo possui 35,1% do patrimônio. Este percentual é menor em países como China (o top 1% controla 30,5% da riqueza), Canadá (25%) e França (22,3%).

Nos últimos anos, houve também um aumento da chamada classe média global —pessoas com riqueza entre US$ 10 mil e US$ 100 mil (R$ 51.460 a R$ 514.600). Essa faixa abrange hoje 1,8 bilhão de pessoas.

“Isso reflete a prosperidade crescente das economias emergentes, especialmente a China, e a expansão da classe média no mundo em desenvolvimento”, aponta o estudo.

Por outro lado, os efeitos de longo prazo da pandemia sobre o patrimônio das pessoas mais pobres e vulneráveis ainda precisam ser melhor analisados.

“Alguns países, como o Brasil, proveram auxílios significativos durante a pandemia, mas em muitos casos isso foi bastante limitado. Isso significa que as pessoas mais jovens, que são mais vulneráveis à perda de emprego, provavelmente tiveram de usar suas reservas, fazer mais dívidas e experimentar um declínio na riqueza”, destaca a pesquisa.

QUÃO RICO VOCÊ É?

Patrimônio acima de US$ 8.360 (R$ 43 mil)
Está entre os 50% mais ricos do mundo

Patrimônio acima de US$ 138.346 (R$ 711 mil)
Está entre os 10% mais ricos do mundo

Patrimônio acima de US$ 1.146.685 (R$ 5,9 milhões)
Está entre o 1% mais rico do mundo

A POPULAÇÃO DE MILIONÁRIOS

Total global
2021 – 62,4 milhões
2026 – 87,5 milhões
Alta de 40%

Brasil
2021 – 266 mil
2026 – 572 mil
Alta de 115%

Estados Unidos
2021 – 24,4 milhões
2026 – 27,6 milhões
Alta de 13%

China
2021 – 6,1 milhões
2026 – 12.1 milhões
Alta de 97%

Japão
2021 – 3,3 milhões
2026 – 4.7 milhões
Alta de 42%

Alemanha
2021 – 2,6 milhões
2026 – 3,3 milhões
Alta de 26%

México
2021 – 318 mil
2026 – 566 mil
Alta de 78%

Rafael Balago/Folhapress

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