Com vitória de Neto ou de Jerônimo, Rui será candidato à Prefeitura de Salvador em 2024, por Raul Monteiro*

Convencido de que seu candidato ao governo, Jerônimo Rodrigues (PT), derrotará o adversário ACM Neto (União Brasil) nas eleições deste domingo, o governador Rui Costa (PT) não tem cuidado apenas da campanha do correligionário quando o acompanha principalmente em agendas na capital baiana. Obcecado com a ideia de assumir o controle político e administrativo da capital baiana há anos, Rui tem aproveitado a programação de Jerônimo nos bairros de Salvador para fazer corpo a corpo com a população e preparar o terreno para lançar seu nome à sucessão do prefeito Bruno Reis (União Brasil).

O governador acredita que devido ao enraizamento no município do grupo de Neto, que governou Salvador por oito anos, fez o sucessor e segue forte na capital, a melhor estratégia é antecipar para agora as primeiras ações no sentido de concorrer ao cargo de prefeito nas eleições municipais de 2024. A renovação do plano eleitoral de Rui para a cidade não tem passado desapercebida dos próprios aliados, que atribuem a um sonho antigo do governador de comandá-la o fato de nunca ter se empenhado em preparar, de verdade, um nome no grupo nem no PT para disputar o pleito na capital baiana.

A oportunidade mais recente para fazer um movimento neste sentido foi na sucessão municipal de 2020, quando, depois de muitas críticas pelo fato de não ter se interessado em trabalhar com antecedência um quadro no grupo para a disputa, o governador tirou do bolso do colete o nome da major Denice Santiago, uma policial desconhecida tanto da classe política quanto do eleitorado, e apresentou como sua escolha para a corrida à Prefeitura de Salvador. O anúncio foi feito antes mesmo de filiá-la ao PT, onde havia opções que Rui solenemente desconsiderou, e, ainda mais, de conversar com os aliados.

Exatamente por este motivo, para muitos a iniciativa significou, desde o princípio, que, no fundo, o governador não tinha interesse em ganhar o Thomé de Souza, mas planejara apenas fazer uma espécie de reserva de mercado – um plano do qual a vitória de sua candidata não fazia parte -, para lançar-se à Prefeitura quando encerrasse seu mandato. Na época, aliás, não custa lembrar que circulou à sua disposição como nome ideal para fazer o confronto com Bruno Reis o do ex-secretário municipal Guilherme Bellintani. Incensado por uma turma próxima de Rui, ele só não teria encarado a disputa por não ter tido, exatamente, o apoio do gestor estadual.

Os rumores de que Rui estaria considerando que estaria mais perto do que nunca de levar seu projeto de disputar a Prefeitura de Salvador a sério teriam passado a circular de forma mais intensa entre os aliados depois que, há alguns dias, ele apareceu numa foto, cujo divulgador chamou de ‘flagra’, descendo em meio ao povo as escadarias do metrô para se livrar supostamente de um engarrafamento na Paralela. Na sequência, teria feito vários posts destacando intervenções realizadas pelo governo na capital. O plano do governador não depende da vitória de Jerônimo, mas estaria mais fortalecido, naturalmente, com ela.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*

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