Guerra da Ucrânia e Covid mostram que ONU precisa de reformas, diz Papa Francisco
Em novo livro que será lançado em breve, o Papa Francisco, que tem dedicado muitos de seus discursos a pedir o fim da Guerra da Ucrânia, defende que a ONU, ainda que primordial, tem deixado claros os limites de sua atuação e precisa de reformas. Trechos da obra do pontífice, intitulada “Vos peço em nome de Deus”, foram divulgados neste domingo (16) pelo jornal italiano La Stampa. Nela, Francisco se dedica a analisar as mazelas da guerra.
“A Guerra da Ucrânia coloca mais uma vez em evidência a necessidade de que a atual estrutura multilateral encontre caminhos mais ágeis e eficazes para a resolução de conflitos”, diz, referindo-se à ONU. “O mundo de hoje já não não é mais o mesmo do que tínhamos após a Segunda Guerra Mundial”, segue ele. “As instituições internacionais devem ser fruto do maior consenso possível.”
Francisco menciona especificamente o Conselho de Segurança, mais alto colegiado da ONU. O espaço tem sido alvo de críticas da Ucrânia e de outras nações do Ocidente uma vez que, ali, resoluções críticas a Moscou, na prática, serão sempre anuladas —a Rússia, afinal, é um dos cinco membros permanentes, com poder de veto. “São necessárias reformas para que as organizações internacionais recuperem sua vocação primordial de servir à família humana.”
O primeiro papa latino-americano da história diz também que, além da guerra, a pandemia de coronavírus ajudou a evidenciar os desafios da ONU. “O atual sistema multilateral demonstrou seus limites; com o compartilhamento das vacinas tivemos um exemplo de que, às vezes, a lei dos mais fortes pesa mais que a solidariedade.”
Enquanto todas as outras regiões do mundo têm mais de 65% de sua população com esquema vacinal completo contra a Covid, na África apenas 24% da população recebeu as duas primeiras doses ou a dose única do imunizante, de acordo com dados do Our World in Data.
Esta não é a primeira vez que Francisco pede mudanças na ONU. Em 2015, ao discursar antes da abertura da agenda de desenvolvimento sustentável, em Nova York, ele pediu a reforma do Conselho de Segurança.
Ele afirmou que era necessária a modernização de instrumentos para que se mantenham eficazes. Isso ajudaria a “limitar o abuso e a usura” de países desenvolvidos sobre outros e a conteria a “submissão asfixiante aos sistemas crédito de organismos internacionais”.
O Brasil, hoje membro rotativo do colegiado, é um dos países que também defendem uma saída para melhorar a atuação prática do Conselho e uma reforma para ampliar o número de assentos.
Folhapress
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