Ministro da Justiça manda Polícia Federal investigar institutos de pesquisa
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, afirmou nesta terça-feira (4) que encaminhou à PF (Polícia Federal) um pedido para abrir inquérito sobre os institutos de pesquisas eleitorais.
“Esse pedido atende a representação recebida pelo MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública), que apontou ‘condutas que, em tese, caracterizam a prática de crimes perpetrados’ por alguns institutos”, disse o ministro nas redes sociais.
O advogado do jornal Folha de S.Paulo, Luís Francisco de Carvalho Filho, disse que não há fundamento jurídico para o inquérito contra os institutos.
“Ainda não conheço detalhes, mas não há fundamento jurídico para este inquérito. É uma tentativa de intimidação bisonha. O Datafolha tem uma vocação histórica de bem informar e vai continuar a exercer seu papel.”
Desde domingo (2), ministros do governo Jair Bolsonaro (PL), aliados no Congresso e apoiadores passaram a criticar os institutos de pesquisa pela disparidade com o resultado da eleição divulgado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, pediu nesta terça aos apoiadores do presidente que façam um boicote aos institutos de pesquisa e não respondam às perguntas.
“Divulgar pesquisas como arma de manipulação do eleitor deve ser proibido. Não vamos permitir que os institutos prestem esse desserviço. Peço a todos que apoiam o presidente que NÃO respondam nenhuma pesquisa do Ipec, Datafolha e similares no 2º turno”, publicou nas redes.
Na segunda (3), o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, também criticou as pesquisas. “O Ipec e o Datafolha tentaram explicar como a diferença entre 15 e 5 milhões de votos pró-Lula NÃO é erro! Conclusão: as desculpas das empresas de pesquisas 100 POR CENTO não convencem NINGUÉM!”, escreveu.
Em meio à ofensiva bolsonarista contra os institutos de pesquisa, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) apresentou um requerimento para criação de uma CPI para investigar as pesquisas eleitorais de intenção de voto.
Segundo o documento, o objetivo é “aferir as causas das expressivas discrepâncias entre as referências prognósticas, principalmente de curtíssimo prazo, e os resultados apurados”.
Nesta terça, o senador disse já ter conseguido 12 dos 27 apoios necessários de senadores para a abertura da CPI.
Segundo o Datafolha, Lula tinha 50% dos votos válidos, ante 36% de Bolsonaro –a margem de erro era de dois pontos para mais ou menos. De acordo com o Ipec, o petista alcançava 51%, ante 37% do atual presidente, com mesma margem. Finalizada a apuração nacional, o TSE anunciou 48,43% para Lula e 43,20% para Bolsonaro.
Após ser alvo de críticas de Bolsonaro e aliados, o Datafolha afirmou que as pesquisas eleitorais servem para mostrar tendências, e não o resultado final de uma eleição.
“Pesquisa não é prognóstico. Cada pesquisa é a fotografia de um determinado momento. O resultado final é só na urna”, disse Luciana Chong, diretora do Datafolha, que refuta a tese de ter acontecido algum tipo de erro metodológico.
“As pesquisas eleitorais medem a intenção de voto no momento em que são feitas. Quando feitas continuamente ao longo do processo eleitoral, são capazes de apontar tendências, mas não são prognósticos capazes de prever o número exato de votos que cada candidato terá”, afirmou a direção do Ipec em nota.
Segundo Chong, é bastante provável que tenha emergido nas horas finais um voto útil pró-Bolsonaro oriundo dos eleitores que antes declaravam preferência por Simone Tebet e, principalmente, por Ciro Gomes. O temor de que Lula fosse eleito no 1º turno pode, segundo ela, ter contribuído para esse comportamento.
Folhapress
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