Ministros do STF veem tentativa de interferência nas eleições em ação contra governador de Alagoas

A ação da Polícia Federal que teve como alvo o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), despertou desconfiança em ministros do Supremo Tribunal Federal. Eles enxergaram clara tentativa de interferência no processo eleitoral —o político é do grupo do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que se opõe ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

Houve troca de mensagens entre magistrados e um debate sobre ações policiais às vésperas do pleito que são feitas de forma espalhafatosa e podem influenciar na escolha do eleitor. O caso pode ser futuramente discutido no Supremo.

O afastamento de Dantas foi determinado pela ministra do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Laurita Vaz. Ela submeterá a decisão agora a outros magistrados da Corte.

Renan Calheiros afirma que Laurita Vaz é bolsonarista e não tinha competência legal para tomar a decisão. Procurado, o STJ não respondeu.

O senador afirmou também que a PF de Alagoas é hoje “a Gestapo” de Arthur Lira, e que, como a polícia secreta na Alemanha nazista, é usada por ele para perseguir adversários políticos.

Ele diz ainda que Arthur Lira “levou uma surra” nas urnas em Alagoas, e está usando “o aparelhamento do Estado” para tentar ganhar no tapetão. “Vencemos em 84 de 102 cidades, inclusive na capital, Maceió”, diz.

Lira nega interferência e diz não ter ligação com o comando da PF de Alagoas. Diz que Renan está politizando o assunto e que “uma decisão do STJ neste calibre deve ter respaldo jurídico muito forte ou fatos muito contundentes para ter acontecido”.

“O senador Renan gosta de politizar. Gosta. E talvez ele tenha tido mais informações do que eu para estar com medo de operação da Polícia Federal. Eu não vou entrar no mérito, eu só acho que uma decisão do STJ neste calibre deve ter respaldo jurídico muito forte ou fatos muito contundentes para ter acontecido”, afirmou Lira.

Mônica Bergamo/Folhapress

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