Partido Novo perde eleitores, vê bancadas encolher e não atinge cláusula de barreira
Quatro anos depois de despontar como uma das maiores surpresas nas eleições, o Partido Novo amargou neste domingo (2) queda expressiva em suas bancadas na Câmara dos Deputados e nas Assembleias Legislativas. De quebra, a legenda não atingiu a cláusula de barreira, dispositivo que estabelece percentual mínimo de votos e de deputados eleitos para manter o acesso à propaganda partidária e ao fundo eleitoral.
A bancada do Novo na Câmara encolheu dos atuais 8 deputados para 3 a partir do ano que vem. Adriana Ventura (Novo-SP), Gilson Marques (Novo-SP) e Marcel van Hatten (Novo-RS) foram os representantes da legenda que tiveram êxito —os três foram reeleitos. Cinco parlamentares da sigla venceram disputas estaduais e distritais. Dr. Maurício (MG), Felipe Camozzato (RS), Leo Siqueira (SP), Matheus Cadorin (SC) e Zé Laviola (MG) ocuparão assentos nas Assembleias em 2023. O número, contudo, é menos de metade dos 12 deputados eleitos há quatro anos.
Somente na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), o Novo, que tinha 4 deputados em 2018, agora vê sua bancada reduzia a apenas 1 parlamentar. Com resultados tímidos, o Novo não atingiu a meta estabelecida na cláusula de barreira e terá limitações nas próximas eleições. Além de acesso restrito ao fundo partidário e ao tempo na TV, a sigla poderá ficar de fora dos debates eleitorais.
Pela regra aplicada neste ano, cada partido precisava eleger 11 deputados federais em pelo menos nove estados ou obter 2% dos votos válidos para a Câmara dos Deputados. Os partidos que não atingem as metas podem formar uma federação partidária, unindo-se a outras legendas durante as eleições e a legislatura. A vitória de maior expressão do Novo este ano foi a reeleição de Romeu Zema, em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país. Próximo do próximo do presidente Jair Bolsonaro (PL), Zema liquidou a fatura ainda no primeiro turno.
Em agosto, durante a campanha, Bolsonaro chegou a dizer que jamais seria inimigo de Zema, apesar de ter à época candidato próprio no estado: o senador Carlos Viana (PL-MG), que terminou a disputa em terceiro, com 7,23% dos votos válidos. Zema, porém, foi exceção, e o Novo acumulou resultados decepcionantes. Nas eleições majoritárias o partido teve menos votos neste ano se comparado ao pleito de 2018.
Assim como há quatro anos, Zema foi o único representante eleito do partido para o cargo de governador –o Novo não tem candidatos no segundo turno. Sete candidatos do partido disputaram governos estaduais neste ano. O segundo com o maior percentual de votos válidos, atrás de Zema, foi Paulo Ganime, que obteve apenas 5,31% e terminou a disputa na quarta colocação no Rio de Janeiro —o governador Cláudio Castro (PL) foi reeleito no estado.
Nas disputas do Espírito Santo, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, os representantes do partido tiveram menos de 3% dos votos. Com disputa polarizada, o candidato derrotado à Presidência Felipe D’Avila obteve somente 0,47% dos votos válidos, com o apoio de 559.680 eleitores.
Em 2018, João Amoedo, então candidato do partido à Presidência, teve 2,5% dos votos válidos, com o apoio de mais de 2,6 milhões de eleitores. Nas disputas ao Senado, os candidatos do partido, somados, conquistaram 479.593 votos. O número é bem menor que os 3.396.252 votos registrados em 2018. Assim como há quatro anos, o partido não terá representantes na Casa.
Outra derrota expressiva para o partido foi a de Fernando Holiday que ganhou notoriedade quando ainda era ligado ao MBL (Movimento Brasil Livre) e foi o vereador mais novo a ser eleito na capital paulista em 2016, quando tinha 20 anos.
Agora, no entanto, ele teve 38.118 votos e não se elegeu para a Câmara dos Deputados.
Renan Marra/Folhapress
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