PSDB declara apoio tímido para Tarcísio após perder o Governo de São Paulo
O candidato ao Governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), que disse não ver necessidade de ter o PSDB em seu palanque, anunciou nesta terça-feira (11) que o diretório paulista do partido endossou sua campanha. O apoio, no entanto, foi tímido, e o candidato deu entrevista sem os representantes tucanos ao seu lado.
Marco Vinholi, presidente do PSDB-SP, e deputados do partido estiveram com Tarcísio durante a tarde, mas deixaram o comitê sem falar com a imprensa. O evento de apoio foi anunciado pela campanha de Tarcísio, mas o PSDB-SP optou pela divulgação de uma nota e de um vídeo.
Coube ao prefeito Orlando Morando (PSDB), de São Bernardo do Campo, que estava no local para outra reunião, representar o partido no evento. Orlando já declarou apoio a Tarcísio e Jair Bolsonaro (PL).
Ao ser questionado sobre a ausência dos tucanos, Tarcísio respondeu “na verdade, eu não sei”.
Em seguida, Orlando, que acabara de ser informado pela imprensa de que Vinholi e os deputados haviam ido embora, soprou para Tarcísio que os parlamentares haviam retornado para uma votação na Assembleia Legislativa. O candidato, então, repetiu essa resposta.
Segundo Vinholi, o apoio do PSDB demorou uma semana para ser decidido porque envolveu reuniões da bancada e da executiva estadual.
A comitiva que esteve com Tarcísio reuniu deputados estaduais do partido (Vinicius Camarinha, Carla Morando, Analice Fernandes, Maria Lúcia Amary, Barros Munhoz e Adalberto Freitas) e o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP).
Segundo o candidato, na reunião, ele se comprometeu com a manutenção de boas políticas tucanas e não houve negociação de cargos. Tarcísio ressaltou, porém, que pretende “dar velocidade àquilo que a gente acha que tem que dar velocidade”.
Orlando afirmou que praticamente todos os tucanos do estado trabalham para eleger Tarcísio.
Entre as sugestões feitas para Tarcísio estão a manutenção dos programas Bom Prato, Poupatempo e a Rede Lucy Montoro, que atende pessoas com deficiências.
Outros pedidos, feitos pela executiva do PSDB, são a manutenção e investimentos na rede ensino profissionalizante, a Fatec e Etec, o apoio ao municipalismo, além de ampliar a rede de assistência às mulheres vítimas de violências.
Tarcísio afirmou que o apoio do PSDB é importante pela sua capilaridade e por garantir maioria ampla na Assembleia em caso de eleição. Ele afirmou que acatou as sugestões e que o PSDB tem “um alinhamento programático grande” com suas ideias.
Questionado sobre sua fala de não fazer questão do PSDB no palanque ter afastado um apoio mais enfático do partido, ele minimizou. “Vocês ficam muito nesse negócio do palanque. O apoio do PSDB é importante. A gente não podia deixar de sinalizar que vamos ter uma renovação e nem deixar de sinalizar que vamos ter uma preservação do que está sendo útil”.
De acordo com políticos ouvidos pela reportagem, no entanto, os apoios do PSDB e de outros partidos da coligação tucana que hoje integram o governo, como PP, União Brasil, MDB e Podemos, envolve a expectativa de manutenção de cargos e a construção de maioria governista na Assembleia Legislativa.
Com o favoritismo de Tarcísio para o segundo turno, os tucanos vislumbram a chance de obter parte dos cargos e das secretarias na estrutura governamental, incluindo o Sebrae. Desde 1995, o partido detém a máquina estadual.
Um dos defensores do alinhamento a Tarcísio, o presidente estadual do PSDB, Marco Vinholi, é diretor do Sebrae. Após sua chegada, ao menos quatro tucanos que não estavam no Sebrae foram nomeados para cargos altos na entidade: Carlos Balotta, Marcos Campagnone, Daniel Ramalho e Edgar de Souza. Outros também chegaram para postos mais baixos.
Também está em jogo a Presidência da Assembleia, hoje ocupada pelo deputado Carlão Pignatari (PSDB).
Caso seja eleito, o bolsonarista pode ter apoio de pelo menos 61 do total de 94 deputados da Assembleia Legislativa de São Paulo. Esta conta já contempla a bancada tucana, com nove parlamentares.
O embarque dos tucanos já era esperado depois que o próprio governador Rodrigo Garcia (PSDB) declarou apoio incondicional a Tarcísio e a seu padrinho, o presidente Jair Bolsonaro, que enfrenta Lula (PT) no segundo turno. Tarcísio, por sua vez, tem Fernando Haddad (PT) como adversário.
Além de Rodrigo, prefeitos que antes apoiavam o governador também têm migrado em massa para Tarcísio no segundo turno, o que aproximou o bolsonarista do PSDB. Na campanha deste segundo turno, os prefeitos tucanos Morando (São Bernardo do Campo) e Duarte Nogueira (Ribeirão Preto) já coordenam eventos para Tarcísio em suas respectivas regiões.
A leitura de tucanos e também da equipe de Tarcísio é a de que Rodrigo já não representa o PSDB e deve deixar o partido rumo à União Brasil, partido que abriga seu grupo de aliados políticos. O apoio de Rodrigo a Bolsonaro foi conversado com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP).
O PP negocia uma fusão com a União Brasil. Além disso, Bolsonaro teria elogiado Rodrigo e afirmado que quer uma parceria duradoura, o que deu a entender que o governador poderia ocupar um ministério caso o presidente seja reeleito.
Na última terça (4), ao comentar o apoio de Rodrigo, o suposto desdém de Tarcísio com o PSDB irritou parte dos tucanos. Tarcísio também afirmou que a figura do governador seria mais importante para Bolsonaro.
“Eu preguei mudança o tempo todo, não faz sentido agora estar com eles [PSDB] no palanque. Agora, eles têm capilaridade, têm boas políticas que precisam ser preservadas. E entendo que eles podem ter um papel fundamental na eleição do presidente. Eu vou seguir na linha que eu me comprometi com o Estado de São Paulo, que é uma linha de mudança, preservando o bom legado”, disse à imprensa.
“Existe no PSDB uma adesão natural a uma linha anti-PT. Eu não imagino o PSDB apoiando o PT. E a nossa linha de realmente promover algo diferente. Vamos estar no palanque juntos? Não, provavelmente não. Agora vamos ter adesões do PSDB, porque faz sentido.”
“O Estado cansou da gestão PSDB, e a gente representa a novidade”, completou.
Carolina Linhares/Carlos Petrocilo/Folhapress
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