Votação na Nova Zelândia teve choro de emoção e harmonia entre bolsonaristas e lulistas, diz mesário
A realização das eleições brasileiras em Wellington, capital da Nova Zelândia, foi marcada por cenas de brasileiros emocionados e até mesmo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Lula (PT) conversando de forma harmoniosa. O relato é do economista Alberto Pedroni, 46, que atuou como mesário neste pleito.
Por causa do fuso horário, o país foi o primeiro do exterior a abrir a votação, o que ocorreu ainda no sábado (1º) —ou às 8h de domingo no horário local. Segundo boletim divulgado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mais de 600 eleitores estavam aptos a votar por meio das urnas instaladas na embaixada brasileira em Wellington.
Residente da Nova Zelândia há cerca de quatro anos, o economista Alberto Pedroni atuou como mesário pela primeira vez neste fim de semana. A nomeação para a função foi recebida por ele há alguns meses, por email.
“Eu poderia até falar que tinha compromisso ou ver como um inconveniente, mas não custa ajudar”, diz Pedroni à coluna. “É a eleição mais importante desde a Constituição de 1988 e o grande primeiro teste da nossa democracia pós-governo militar. [O voto] é a forma de fazer isso funcionar, de ter as instituições agindo da forma correta, independentemente dos resultados”, continua.
De acordo com o economista, a votação em Wellington transcorreu de forma tranquila e sem grandes tensões. O único atrito relatado a ele por mesários de outras seções envolveu uma pessoa que teria tentado fotografar a cabine de votação. Ao ouvir que não poderia votar se insistisse em fazer o registro, no entanto, foi dissuadida.
“Eu, como mesário, estava receoso com a questão do celular, de as pessoas estarem mais resistentes [a deixar o aparelho antes de entrar na cabine de votação], mas na sessão em que eu estava ninguém se opôs. A embaixada tinha seguranças disponíveis, mas em nenhum momento precisou de nada mais ostensivo”, afirma Pedroni.
Ele diz ter visto ainda pessoas que se emocionaram, e até choraram, ao participar das eleições, além de adultos que aproveitaram a oportunidade para falar do Brasil e mostrar o mapa do país exposto na embaixada aos seus filhos pequenos.
“Acho que, por conta da pandemia, tinha algumas famílias com crianças de quatro, cinco anos que nunca tinham ido ao Brasil”, diz o mesário. “[O dia de votação] foi uma coisa importante para algumas pessoas para manter o vínculo.”
Se antes do pleito havia um receio de tumulto entre eleitores durante a divulgação dos boletins de urna, a expectativa não se confirmou. “As pessoas estavam em harmonia. Quando foi sair o resultado da votação, tinha grupos de apoio a Lula e a Bolsonaro entrosados, conversando. Existe a oposição de ideias, mas foi tudo muito bacana”, conta o economista.
A Justiça Eleitoral orientou que os resultados da votação não fossem divulgados antes do encerramento do pleito no Brasil, mas imagens do boletim que totalizou os votos registrados na Nova Zelândia já circulavam nas redes sociais desde a madrugada deste domingo, dando vitória a Lula no local.
Mais de 697 mil brasileiros que moram em outros países poderão votar neste ano. De acordo com o TSE, o número é 39,21% maior que o de 2018, quando foram realizadas as últimas eleições para presidente.
Lisboa, Miami, Boston, Nagoia e Londres são as cidades que concentram a maior quantidade de brasileiros aptos a votar no exterior, segundo o TSE.
Folha de S. Paulo
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