Lula minimiza impasse sobre Defesa e diz que nunca teve problema com militares
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizou nesta sexta-feira (18) a dificuldade para definir sua equipe de transição na área da Defesa e afirmou nunca ter tido nenhum problema com militares e as Forças Armadas.
Em Lisboa, Lula disse não haver nenhum receio sobre a reação de militares a seu governo nem sobre comentários feitos pelo general da reserva Walter Braga Netto —que foi candidato a vice-presidente na chapa derrotada de Jair Bolsonaro (PL) e compartilhou nesta semana mensagem favorável a manifestações antidemocráticas que ocorrem pelo país.
“Eu nunca tive problema com o que os militares falaram em oito anos de governo. Então, eu não me preocupo com o que está falando o general Braga Netto”, disse Lula.
“O comando das Forças Armadas está muito tranquilo, o comando das Forças Armadas me conhece, e, no momento certo, eu vou indicar quem será o comandante da Marinha, da Aeronáutica e do Exército. E aí o Brasil também vai voltar à normalidade entre as Forças Armadas e o governo”, completou.
O governo de transição decidiu esperar o retorno de Lula de viagem ao exterior para definir a composição do grupo técnico responsável pela área da Defesa —setor fortemente associado ao bolsonarismo e que tem resistência ao PT.
Coordenador dos grupos técnicos da transição, o ex-ministro Aloizio Mercadante (PT) reconheceu haver um “problema institucional” relacionado com as Forças Armadas.
Na manhã desta sexta, Mercadante afirmou que Lula indicará um civil para o posto de ministro da Defesa. “O presidente já disse isso publicamente. O ministro da Defesa será um civil, foi no governo dele e será”, disse.
Mercadante afirmou que o grupo de trabalho para tratar da questão militar na transição deve ser anunciado no começo da próxima semana e que todos serão positivamente surpreendidos “pela representatividade e pela estatura das pessoas que vão participar.”
Em Lisboa, Lula disse que “as coisas são criadas de acordo com o tempo necessário para criá-las”. “A partir de segunda-feira, eu vou assumir a minha tarefa de coordenação-geral, vou começar a trabalhar a ideia de começar a montar o governo e vou criar os grupos de transição que faltam ser criados.”
O petista disse não acreditar que tenha problemas na relação com militares. “E também não deixo me basear por futrica e por Twitter””, afirmou. As Forças Armadas brasileiras têm um compromisso constitucional, e eu tenho certeza que eles irão cumprir, como já cumpriram no meu primeiro mandato.”
Giuliana Miranda / Folha de São Paulo
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