Lula erra ao dizer que Brasil é o primeiro do mundo em mortes por Covid
O Brasil é o segundo país em número absoluto de mortos por Covid, mas o sétimo na taxa de mortes por 100 mil habitantes em todo o mundo.
Em seu discurso de posse no Congresso Nacional neste domingo (1º), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o país é o que possui a maior taxa de óbitos por Covid em relação à sua população no mundo.
“Em nenhum outro país a quantidade de vítimas fatais foi tão alta proporcionalmente à população quanto no Brasil”, disse Lula.
Até o último dia 31 de dezembro, o país registrou 693.941 mortos por Covid, o que dá um índice de cerca de 32,2 mortos a cada 100 mil habitantes, enquanto o Peru possui a taxa relativa mais alta, de cerca de 64,1 mortos por 100 mil, segundo dados do Our World in Data, plataforma que colhe informações de países em todo o mundo sobre a Covid e demais indicadores sociodemográficos.
No ranking de mortes relativas, que considerou apenas os 20 países com mais de 5 milhões de habitantes na lista da plataforma, o Peru é seguido por Bulgária (56,2), Hungria (48,6), República Tcheca (40,1), Grécia (33,5) e Estados Unidos (32,3).
Já quando é considerado o número total de mortes por Covid, os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar, com mais de 1,09 milhão de óbitos, seguido pelo Brasil e depois a Índia, com 530.705 mortos.
Na fala, o presidente Lula também criticou a gestão da pandemia feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o que configura, na sua visão, um “genocídio”.
“Isto [elevado número de mortes] só se explica pela atitude criminosa de um governo negacionista, obscurantista e insensível à vida. As responsabilidades por este genocídio hão de ser apuradas e não devem ficar impunes”, afirmou.
“O que nos cabe, no momento, é prestar solidariedade aos familiares, pais, órfãos, irmãos e irmãs de quase 700 mil vítimas da pandemia.”
Diversos estudos no país e fora apontaram para o que chamam de excesso de mortes por Covid, o que representa um acréscimo ao número oficial de mortes registradas pela doença. As pessoas consideram que deveriam se somar aos registros outros óbitos que podem ser relacionados direta ou indiretamente à pandemia.
Isto porque cada país possui uma taxa anual mais ou menos conhecida de mortes por diversas causas, que podem ser tanto de doenças infecciosas quanto de outras enfermidades, como câncer, mortes na fila por transplante de órgãos, doenças crônicas e outras.
Assim, a diferença entre essa taxa e o total acumulado de mortes por Covid é o que os cientistas chamam de excesso de mortes. Isso significa que um contingente ainda mais alto de mortes poderá ser registrado como relacionado à pandemia nos próximos anos, conforme avancem esses estudos.
No país, a expectativa é que 800 mil pessoas tenham morrido desde o início da pandemia até dezembro de 2021, ou cerca de 170 mil a mais do que foi oficialmente registrado.
Com isso, o país já teria ultrapassado a marca de 900 mil mortos por Covid até este domingo.
Ana Bottalo / Folhapress
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente esta matéria.