PGR pede que jornalista seja ouvido sobre 8 de janeiro; Moraes autoriza e depois recua
A vice-procuradora-geral da República Lindôra Maria Araújo |
Moraes chegou a autorizar a diligência, mas recuou nesta segunda-feira (16). O magistrado determinou que a PGR justifique a necessidade da medida. O pedido foi assinado pela vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo.
Auxiliar de Augusto Aras em matéria penal no Supremo, Lindôra é um dos nomes da cúpula da PGR mais alinhados ao bolsonarismo.
Questionada, a Procuradoria afirmou que não divulga o motivo de medidas cautelares eventualmente propostas pelo órgão no âmbito de investigações em curso.
No pedido ao ministro do STF na quarta (11), a vice-PGR destacou apenas serem necessários “maiores esclarecimentos sobre os eventos” daquele domingo e que a oitiva deveria ser realizada com a “máxima urgência”.
Faria disse que foi procurado pela Polícia Federal na semana passada para o agendamento do depoimento e que levou o assunto ao setor jurídico do UOL. Afirmou que na sexta-feira (13) recebeu um email da polícia informando que a diligência havia sido “desfeita”. O UOL tem participação minoritária e indireta do Grupo Folha, que publica o jornal Folha de S.Paulo.
No dia 10 de janeiro, Faria publicou um texto no qual afirmou que antigos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) informaram ao Palácio do Planalto que o ex-ministro da Justiça Anderson Torres teria se encontrado com o ex-presidente da República em Orlando, nos Estados Unidos.
“O encontro teria ocorrido no sábado (7 de janeiro), um dia antes do quebra-quebra na praça dos Três Poderes, em Brasília, promovido por terroristas bolsonaristas”, escreveu o colunista do UOL.
“Segundo os informantes do governo Lula, o ex-presidente Bolsonaro teria mandado auxiliares seus, que o acompanham na estada nos EUA, receberem seu ex-ministro no aeroporto de Orlando”, diz ainda o texto de Faria.
Bolsonaro está na região de Orlando desde a última semana do ano passado. Torres teve sua prisão decretada, por determinação de Moraes, após os ataques golpistas de 8 de janeiro em Brasília, quando ele também estava de férias na mesma cidade americana. Ele retornou no sábado (14) ao Brasil e foi levado a um batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal.
Torres é o primeiro a ocupar o cargo de ministro da Justiça a ser preso desde a redemocratização. Também é o primeiro integrante do governo Bolsonaro preso em consequência dos atos golpistas.
O ex-ministro havia reassumido o comando da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal em 2 de janeiro e viajou de férias cinco dias depois.
No mesmo documento enviado ao ministro do STF, Lindôra pediu que seja ouvido o diretor da Força Nacional de Segurança Pública, coronel José Américo Gaia. Moraes acatou a solicitação.
Constança Rezende/Marcelo Rocha/Folhapress
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