Retaliação generalizada após atos fortalece Bolsonaro, diz Nelson Jobim

Para ex-ministro, radicalização no enfrentamento a golpistas favorecerá extrema direita no país
“Radicalizar não adianta. Nós precisamos superar”, acrescentou, na contramão da bandeira “sem anistia” encampada pelos petistas e pela maior parte da esquerda.

Para ele, uma “direita democrática” precisa ser fortalecida no Brasil para isolar a extrema direita, o que inclui as franjas radicalizadas do bolsonarismo. “Precisamos estimular a direita democrática e encontrar líderes para ela, porque é ela que vai reduzir a expansão do bolsonarismo.”

O ex-ministro avaliou que “o apagão de inteligência foi de todos” os envolvidos na segurança dos prédios e defendeu que as investigações demonstrem se a negligência “foi subjetivamente intencional”.

“Temos que nos lembrar que o responsável pela proteção dos palácios é o GSI [Gabinete de Segurança Institucional da Presidência]. Onde estava a Guarda Presidencial? Onde estavam as ações do GSI? Não sei se tinha ciência… Foi um apagão de inteligência em um nível de, para não dizer incompetência, leniência no que diz respeito às ações e precauções.”

O ex-ministro, que é próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse também que não se pode generalizar o envolvimento dos que estavam na manifestação em Brasília, argumentando que nem todas as pessoas ali podem ter ido dispostas a participarem de um quebra-quebra.

Jobim comandou a Defesa entre 2007 e 2011, nos governos Lula e Dilma Rousseff, e mantém interlocução com o petista. Ele, que chegou a ser cotado para reassumir a pasta no atual mandato, elogiou o ocupante do posto, José Múcio, que foi contestado após o episódio. Múcio foi descrito como competente e habilidoso.

O ex-ministro também se referiu em tom positivo a Lula, afirmando que o presidente tem sinalizado um caminho correto ao pregar entendimento e conciliação dos setores da sociedade, postura semelhante à adotada nos mandatos anteriores.

Joelmir Tavares, Folhapress

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