Bolsonaro já admite que poderá ser preso na sua volta ao Brasil

Intimação do TSE não deve chegar ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que não informou seu novo endereço à justiça eleitoral

Apenas no Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro é alvo de cinco inquéritos e réu em duas ações penais. Na semana passada, Bolsonaro teve sete pedidos de investigação contra ele remetidos à primeira instância pela ministra do STF Cármen Lúcia. Por Redação, com agências internacionais – de Orlando, FL-EUA

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em entrevista ao diário norte-americano The Wall Street Journal, nesta quarta-feira, afirmou que poderá voltar ao Brasil em início de março, mas já admite que poderá ser preso por força de um dos mais de 20 processos a que responde nas instância criminais e eleitorais, no país. “Uma ordem de prisão pode surgir do nada”, diz ele, lembrando da prisão preventiva determinada ao presidente de facto Michel Temer, no âmbito da ‘Operação Lava Jato’, em 2019.

Apenas no Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro é alvo de cinco inquéritos e réu em duas ações penais. Na semana passada, Bolsonaro teve sete pedidos de investigação contra ele remetidos à primeira instância pela ministra do STF Cármen Lúcia. Fora da Presidência da República, ele perde a prerrogativa de foro e será julgado por um juízo primário.

O ex-mandatário é também investigado por incitar os atentados terroristas promovidos por seus apoiadores em Brasília no dia 8 de janeiro. Ao The Wall Street Journal ele se defendeu:

— Eu nem estava lá, e eles querem me culpar!

Bolsonaro também negou que os atos daquele dia tenham sido um golpe de Estado fracassado.

— Golpe? Que golpe? Onde estava o comandante? Onde estavam as tropas, onde estavam as bombas? — questionou, embora pareça que já conhece as respostas.

Derrotado nas urnas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito com 60.345.999 de votos, Bolsonaro voltou a lançar dúvidas sobre as eleições.

— Não estou dizendo que houve fraude, mas o processo foi tendencioso — insiste.
Direita

O ex-inquilino do Planalto diz que não sabe se voltará a concorrer à Presidência. Ele alega que o trabalho à frente do Executivo federal foi “muito mais difícil” do que imaginava. Na outra ponta, no entanto, ele afirmou que voltará ao Brasil como “o líder nacional da direita”, uma vez que “não há mais ninguém no momento” para ocupar a função. Para ele, “o movimento de direita não está morto e continuará vivo”.

Se voltar ao Brasil e não precisar cumprir pena por um ou mais possíveis crimes cometidos, Bolsonaro planeja pretende atuar junto a parlamentares aliados no Congresso para avançar com pautas caras ao conservadorismo e ao bolsonarismo. Dinheiro para isso, não falta. Além do salário pago pelos contribuintes ao ex-presidente, ele conta com o soldo de oficial das Forças Armadas e, agora, com um abono do PL, para atuar como garoto-propaganda do partido.

Até agora, segundo levantamento com base em relatórios do Tesouro Nacional, a estadia de Bolsonaro nos EUA a poucos dias do fim do mandato já custou cerca de R$ 950 mil aos cofres públicos. Segundo o estudo, os dados do Ministério das Relações Exteriores e do Portal da Transparência apontam que o erário desembolsou R$ 667,5 mil em “diárias, hospedagens, aluguel de veículos e intérpretes, entre outras despesas, de quando Bolsonaro ainda era presidente. Ou seja, do dia 28 de dezembro, quando os primeiros servidores foram em missão precursora até os EUA, até 31 de dezembro”.

O Tesouro também pagou outros R$ 271 mil em diárias para os assessores a que ele tem direito como ex-presidente. Segundo a legislação atual, ex-presidentes podem manter à sua disposição até seis assessores, além de dois carros com motorista. Os gastos contabilizados, porém, não levam em conta os custos com o voo da Força Aérea Brasileira (FAB) que levou Bolsonaro para os EUA.

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