PL fica sem espaço na Mesa Diretora do Senado e tenta negociar comissões
Derrotado na disputa pela presidência do Senado, o PL acabou sem cargos na Mesa Diretora da Casa e tenta, agora, negociar espaço em comissões. O MDB e o PT ficaram com os dois principais postos: a 1ª vice-presidência e a 1ª secretaria.
A votação para os demais cargos do Senado ocorreu nesta quinta (2), um dia após a vitória de Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O presidente do Senado manteve na Mesa Diretora seus principais aliados e abriu espaço para o PSB e o Podemos.
Cada um dos cargos poderia ter sido disputado no voto, mas PL, PP e Republicanos —que apoiaram Rogério Marinho (PL-RN)— não apresentaram candidatos. A chapa de Pacheco foi eleita, assim, por 66 votos a 12 e duas abstenções.
A composição da Mesa foi definida após acordo firmado pelos partidos que apoiaram o senador do PSD ou entregaram a maioria dos votos: MDB, PT, União Brasil, PDT, PSB e Podemos.
O senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) foi mantido na vice-presidência. Já Rogério Carvalho (PT-SE) saiu da 3ª secretaria para a 1ª, a mais importante. O cargo é cobiçado internamente e conhecido como “prefeitura” do Senado por cuidar da parte administrativa.
Outro aliado de Pacheco, o senador Weverton Rocha (PDT-MA) trocou a 4ª secretaria pela 2ª secretaria. Já o PL e o Progressistas, partidos que integravam a mesa na composição antiga, perderam as vagas.
A 2ª vice-presidência ficou com a União Brasil, que indicou Rodrigo Cunha (União Brasil-AL). A 3ª secretaria foi para o PSB, com Chico Rodrigues (PSB-RR), recém-filiado à sigla. Já o Podemos conseguiu emplacar a 4ª secretaria, com Styvenson Valentim (Podemos-RN).
Os espaços da Mesa acabaram entrando na negociação pela reeleição de Pacheco. O presidente do Senado queria manter seus principais aliados, mas esperava o placar para definir o destino de duas secretarias que estavam nas mãos do PL e do PP.
O grupo de Pacheco já dava como encaminhada a permanência dos senadores Veneziano, Rogério Carvalho e Weverton Rocha, mas dizia que os outros cargos poderiam ser negociados com dois partidos rachados: Podemos e PSDB.
Os três senadores do PSDB declararam voto em Marinho. O Podemos não manifestou apoio a Pacheco, mas entregou votos. Derrotado, o bloco formado por PL, PP e Republicanos passou a brigar pelo comando de ao menos uma das principais comissões.
O PL chegou a apresentar o nome do senador Wilder Morais (PL-GO) para concorrer contra Cunha pela 2ª vice-presidência, mas voltou atrás por orientação do líder da bancada, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Morais retirou a candidatura no meio da sessão.
“Seguindo a orientação do nosso líder do PL para que a gente possa dar sequência não só da mesa, mas também das comissões, para que a gente possa seguir a proporcionalidade, eu retiro a candidatura para que o senador Rodrigo Cunha seja candidato único e a gente possa fazer os acordos”, disse Morais.
Flávio também fez um apelo ao presidente do Senado. O líder do PL defendeu que a presidência das comissões permanentes seja definida pelo critério de proporcionalidade —que dá aos maiores blocos ou partidos o direito de escolher as comissões.
“Eu acho que, neste momento, como sempre, eu acreditei que é a política que resolve as coisas. Nós vamos passar quatro anos aqui convivendo ainda, cada um trabalhando”, afirmou Flávio Bolsonaro durante a sessão.
“Eu tenho a convicção de que o senhor, como presidente, entende também dessa forma. Para que nenhum parlamentar sofra nenhum tipo de possível represália, em especial no tocante às comissões”, completou.
A definição deve ficar para semana que vem. Reservadamente, líderes do grupo bolsonarista afirmam que Pacheco é diplomático, e avaliam que ele não cumprirá a ameaça de deixá-los sem espaço nas comissões permanentes.
A ausência de mulheres na mesa diretora também foi motivo de reclamação da bancada feminina. Em resposta, Pacheco pediu para os líderes indicarem senadoras para os cargos de suplência, que ainda serão decididos.
“Estamos no século 21 e não é mais possível, toda vez em que se tem um processo nesta Casa, uma senadora ter que se levantar e dizer: presidente, nós existimos!”, protestou a senadora Leila Barros (PDT-DF) durante a votação, em nome da bancada feminina.
Thaísa Oliveira/Folhapress
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