INSS cancela atendimentos após falha nos sistemas de internet
Fachada de uma agência do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) |
A pane pode ter afetado cerca de 50 mil benefícios entre esta quinta-feira (23) e sexta-feira (24), segundo informações obtidas pela reportagem da Folha. Neste ano, intermitências nos sistemas do INSS têm sido constantes e prejudicado segurados.
A fila de pedidos chegou a 1,8 milhão em fevereiro. Em maio de 2022, só à espera da perícia, havia 1 milhão de segurados.
O INSS confirmou que foram registrados problemas na rede de internet em diferentes unidades do país nesta sexta. Segundo o instituto, “o sinal intermitente provocou a queda de sistemas e inviabilizou o atendimento aos segurados”.
A Telebras, responsável pelo serviço, foi acionada e está providenciando os reparos, diz o órgão. “Os atendimentos impactados pela intercorrência estão sendo reagendados”, afirma o instituto em nota.
Segundo o diretor técnico operacional da Telebras, Luís Fernando de Freitas, o que houve foi um problema de hardware detectada na quarta-feira à noite, após oscilações dos sistemas, classificada por ele como “não prevista e inevitável.
Segundo Freitas, as equipes estão trabalhando 24 horas para sanar as falhas o quanto antes. A previsão é fazer os reparos até o final de semana, mas pode ser que o conserto ocorra antes. A Telebras está implantando uma nova rede em vários órgãos públicos, incluindo o INSS, que passará a ter internet mais veloz.
“O INSS hoje tem mais ou menos 1.685 agências. A gente já implantou em quase 400 agências esse novo sistema”, afirma Freitas.
Uma servidora do INSS, que pediu para não ser identificada, disse que o problema começou na segunda-feira (20) e comprometeu o atendimento em algumas agências também na quinta (23) e na sexta (24). De acordo com a funcionária, pessoas que aguardavam pela perícia médica não foram atendidas.
A falha estaria ligada ao fornecimento de internet por parte da Telebras. Com isso, os sistemas internos e externos, administrados pela Dataprev (empresa de tecnologia do governo federal), não estavam funcionando.
Mesmo após a Telebras passar a madrugada realizando manutenção, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, a instabilidade ainda persistia nesta sexta-feira, sem horário para que os sistemas voltem ao normal.
A Dataprev também se posicionou, informando que a falha está ligada a uma “indisponibilidade de rede”, sob responsabilidade da Telebras. “Nos últimos dois dias (23 e 24), foi registrada a indisponibilidade de rede e internet em algumas agências do instituto”, diz a empresa.
O advogado Rômulo Saraiva, especialista em Previdência e colunista da Folha, afirma que o segurado afetado pelo problema nos sistemas do INSS deve procurar provar que a falha foi por “motivo alheio à sua vontade”, diz ele, para não correr o risco de ter o beneficio indeferido por “ausência do trabalhador”.
Em geral, os segurados não são avisados do cancelamento do atendimento, especialmente da perícia médica. O cidadão que passou por essa situação deve pedir uma declaração da agência ou alguma foto identificando a falha.
Adriane Bramante, presidente do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário), diz para o segurado reagendar imediatamente o atendimento. Há casos, segundo ela, em que o próprio INSS entra em contato para fazer o reagendamento, por isso é importante manter os dados atualizados no sistema, como endereço, telefone e email.
“Se a pane foi no dia da perícia, talvez o segurado já esteja no INSS. Neste caso, o reagendamento será feito por eles mesmo na hora. Geralmente, é isso que acontece, descobre no dia da perícia, indo lá, porque não dá tempo de o sistema indicar a pane e avisar o segurado”, afirma.
O SINSSP (Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Social no Estado de São Paulo) confirma que as instabilidades nos sistemas têm sido constantes. A elas, somam-se a falta de servidores, atendimento presencial reduzido, agências fechadas, demora e represamento nas concessões de benefícios e nos demais requerimentos dos segurados.
“E o que a direção do INSS tem feito? Muito pouco ou quase nada”, diz nota do sindicato. “Alguma coisa de muito errada está acontecendo e não vemos ninguém da direção do INSS se responsabilizando por essas falhas e desacertos.”
Cristiane Gercina, Folhapress
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