FMI reduz projeção de expansão do Brasil para 0,9% e vê primeiro ano de Lula pior que o de Bolsonaro

O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para baixo a projeção de crescimento do Brasil no primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A nova expectativa aponta para uma expansão de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) doméstico em 2023, contra alta de 1,2%, que havia sido prevista em janeiro, segundo o relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês), publicado nesta terça-feira, 11, no âmbito das reuniões de Primavera do organismo.

Se confirmada, a expectativa do FMI indica uma relevante desaceleração em relação ao ano passado, quando a economia brasileira cresceu 2,9%. Para 2024, o Fundo manteve a expectativa de um avanço de 1,5% do PIB do País.

Ao revisar para baixo a projeção deste ano, o FMI espera que o crescimento do primeiro ano do governo de Lula fique abaixo do desempenho visto na estreia de seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL). Em 2019, o PIB brasileiro avançou 1,2%.

O presidente Lula voltou a criticar o FMI, na segunda-feira, 10, durante discurso sobre os 100 primeiros dias do governo. Segundo o petista, se a sua gestão for se basear no que o mercado e as perspectivas do Fundo indicam para o Brasil, “é melhor desistir”. “É importante que essa gente fale, para que a gente faça diferente do que eles falam”, disse Lula.

Na lanterna dos emergentes

Ao projetar um cenário “duro” e “nebuloso” para a economia global neste ano, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, disse que algum ímpeto viria das economias emergentes e em desenvolvimento. Não será o caso do Brasil, no entanto.

No ritmo estimado pelo Fundo, o primeiro ano do governo de Lula posicionará o País entre os piores desempenhos de PIB entre os emergentes e em desenvolvimento em 2023, ficando à frente somente de economias como a da Rússia, que sente os efeitos da invasão à Ucrânia, e da África do Sul. A previsão para o Brasil também é inferior à expectativa de crescimento das economias desenvolvidas e à média global.

A revisão do FMI reforça o coro econômico quanto ao baixo crescimento esperado para o Brasil neste ano. O Banco Mundial divulgou na semana passada projeção de alta de 0,8% para o País, às margens das reuniões de Primavera do organismo, também realizadas em Washington.

O alerta também vem do setor privado. O Itaú Unibanco, maior banco da América Latina, anunciou nesta segunda uma revisão para baixo em sua expectativa para o PIB do Brasil neste ano, que passou para alta de 1,1%, de 1,3%.

Aline Bronzati/Estadão

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